Open House Porto

2 ETAR de Cambados Maia Infraestruturas 1995-2004 - 1985 / 2023 Sáb 9h30, 10h30, 11h30, 12h30, Cláudia Albergaria (Técnica Sup. da ETAR) A funcionar desde 1985, a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Cambados foi a primeira estação de depuração municipal da Área Metropolitana do Porto. A qualidade do serviço prestado tem sido um dos pilares desta ETAR, estando esse aspeto bem patente no elevado grau de depuração da água tratada, na ordem dos 98%. Esta política ambiental tem trazido melhor qualidade de vida à comunidade maiata e melhor qualidade ambiental, com ênfase na bacia hidrográfica do rio Onda. A ETAR recebe parte das águas residuais produzidas nas freguesias de Gemunde, de Moreira e de Vila Nova da Telha, cujo crescimento urbanístico dos últimos anos tem levado a redimensionamentos daquela infraestrutura. Desta forma, passou de uma capacidade inicial de tratamento de 990 m3 por dia, num total de 9800 habitantes, para servir, em 2003, 10000 habitantes num total de 1882 m3 por dia. As últimas obras de ampliação e modernização da ETAR de Cambados visaram um horizonte de projeto até 2040, prevendo abranger um total de 26000 habitantes e um caudal médio diário de 7040 m3. *(Câmara Municipal de Maia)*

9 Parque Urbano de Moutidos Maia Infraestruturas 1995-2004 João Álvaro Rocha, Ana Paula Neves e Manuel Pedro Melo 2001 Sáb 10h, 11h, 12h, Arq. João Ventura Lopes / Sáb 14h, 15h, 16h, Arq. Conceição Melo / Dom 10h, 11h, 12h, Arq. Alberto Vieira O Parque de Lazer de Moutidos tem muitos significados para além daqueles que se podem constatar numa simples visita ao local. Constitui mais que a transformação de um vazadouro de detritos num local aprazível. João Álvaro Rocha cerziu, naquele que caracterizou em 1997 como um “território marcado por fortes tensões entre a malha construída recente, pequenas áreas arborizadas e outras de uso agrícola”. Respondeu a cada um destes contextos com o desenho de limites de naturezas diferentes. No seu interior, repetiu um elemento base que se altera de acordo com os diferentes usos, à semelhança do seu entendimento do processo de construção da cidade. Mas aquilo que talvez se possa sentir na visita, e que é verdadeiramente a concretização plena do projeto, é o orgulho das gentes que ali vivem, a dignificação dos espaços circundantes num raio de influência que ultrapassa o perímetro próximo, constituindo-se como um catalisador social, tão procurado nestes tempos que vivemos. (Elia Bernardos)

11 Corredor do Rio Leça, Parque das Varas Matosinhos Infraestruturas 2015-2024 Laura Roldão Costa 2022 (Fase 1) Sáb 10h, Arq. Conceição Melo / Sáb 12h Arq. Paisagista Laura Roldão Costa / Dom 17h, Eng. Filomena Silva O rio Leça possui uma extensão de 48 quilómetros, desde a nascente até à sua foz em Matosinhos. Considerado durante décadas um dos rios mais poluídos da Europa, tem vindo nos últimos anos a ser palco de um relevante programa de regeneração. Nesse contexto, em 2016, os quatro municípios por onde passa o rio – Matosinhos, Maia, Valongo e Santo Tirso – uniram esforços e começaram a trabalhar na consolidação, estratégia e definição de um plano que designaram como Corredor do Leça e que, entre outras valências, nomeadamente ambientais, procura promover o reencontro das comunidades com este importante curso de água. (Graça Correia e Joel Cleto, OHP’22) O corredor do Rio Leça é o primeiro rio totalmente monitorizado do país, com sensores de nível de água e sensores de qualidade da água desde a nascente até à foz. Para além disso, quatro guarda-rios percorrem diariamente as Margens do Rio Leça. A Associação do Corredor do Rio Leça já realizou: 71 km de controlo seletivo da vegetação nativa e invasora nas margens do rio; 295267,30 m2 de área cortada de plantas exóticas invasoras; 250 toneladas de resíduos retirados do leito do rio; 6 km de técnicas de engenharia natural; 51643 plantas nativas plantadas (36150 árvores e15493 arbustos). “O Parque das Varas está situado bem no centro cívico da freguesia de Leça do Balio, nas traseiras do Mosteiro, sobranceiro ao rio Leça. Está estabelecido num terreno com cerca de 17.000 m2 e distribuído por duas plataformas orientadas sobre o vale do rio. A plataforma superior do parque proporciona um grande espaço verde relvado, onde se encontra um espelho de água recuperado. O muro que delimita o parque desde a entrada sul até à entrada oeste é acompanhado por vinha e glicínias. Espécies arbustivas como o folhado e o alecrim ladeiam um campo de mini golfe. O acesso à plataforma inferior, marginal ao rio, é conduzido por um alinhamento de choupos negros. Nesta plataforma, o rio é separado do corredor pedonal, que atravessa todo o terreno, por outro espaço relvado. Surgem aqui várias espécies de árvores, nomeadamente, liquidâmbar, ulmeiro, tília, bidoeiro e Robinia pseudoacacia. Na parte norte do parque pode-se observar os campos de cultivo do Mosteiro, com uma horta e várias árvores de fruto. As margens do rio Leça são ladeadas por algumas espécies ripícolas características, como o amieiro, o salgueiro e o freixo, por grandes carvalhos, por sabugueiros, por loureiro e por cana, esta última, uma espécie invasora. Na margem direita do rio Leça a paisagem é formada por assentos agrícolas”. www.cm-matosinhos.pt

13 Caminho das Escadinhas Matosinhos Infraestruturas 2015-2024 Paulo Moreira e Verkron 2022 Sáb e Dom 15h, Arq. Paulo Moreira O “Caminho das Escadinhas” é um projeto que interliga arquitetura, arte e natureza. É um percurso pedonal entre a encosta do bairro do Monte Xisto e a margem do Rio Leça, em Matosinhos. Esta iniciativa procura demonstrar a mais-valia que os projetos realizados com meios escassos podem trazer aos espaços urbanos mais “escondidos” e negligenciados das nossas cidades. O processo, com um ano de duração, reuniu uma equipa interdisciplinar de arquitetos, construtores locais, artistas e uma rede alargada de parceiros. Pequenas intervenções permitiram devolver ao conjunto o seu carácter original, despindo-o de intervenções precárias que se foram acumulando ao longo dos anos. O trabalho cuidado de recuperação promove a permanência no local, através da instalação de bancos em todos os “quartos” da edificação, conferindo-lhe uma função de socialização. Este projeto foi promovido pelo INSTITUTO e projetado por paulo moreira architectures, com Verkron, no âmbito do programa Bairros Saudáveis, também com os apoios InResidence / Ágora – Cultura e Desporto e União de Freguesias - Custóias, Leça do Balio e Guifões. (Paulo Moreira)

14 Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões Matosinhos Infraestruturas 2005-2014 Luís Pedro Silva 2014 Sáb 15h, Arq. Luís Pedro Silva / Sáb e Dom, Guias Terminal de Cruzeiros; AVISO: Autocarro shuttle com uso prioritário para os passageiros do Terminal de Cruzeiros; acesso ao shuttle após formação dos grupos no portão junto ao molhe sul. O Terminal de Cruzeiros de Leixões foi criado no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Portuário em 2004. O edifício é um marco no cais sul do Porto de Leixões, que se posiciona como uma porta de entrada para a região norte. O novo cais foi inaugurado em abril de 2011 e tem agora 340 m de comprimento, o que lhe permite acolher navios de cruzeiro de grandes dimensões, em linha com o atual desenvolvimento dos armadores mundiais na construção destes navios. No ano 2023, o terminal recebeu 116 cruzeiros e 149 mil passageiros, tendo duplicado a sua atividade em pouco mais de uma década. Este edifício é um equipamento multifuncional porque, para além de albergar o Terminal de Cruzeiros de Leixões, acolhe também duas instituições de investigação: o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e o Parque de Ciência e Tecnologias do Mar, ambos da Universidade do Porto. O CIIMAR é uma instituição líder em investigação e formação avançada que trabalha na fronteira do conhecimento e inovação dos oceanos. Com 661 colaboradores de 32 nacionalidades, esta instituição desenvolve um extenso programa de divulgação dirigido a todos os sectores da sociedade. A cobertura habitável do Terminal de Cruzeiros de Leixões é uma plateia para o mais extraordinário espetáculo: a vista sobre o oceano. Para além das visitas guiadas nas tardes de sábado e domingo, convidamo-lo a assistir ao pôr do sol a partir da cobertura deste edifício no sábado, entre as 19h e as 21h.

15 Titan do Porto de Leixões Matosinhos Infraestruturas 2015-2024 Officines Fives Séc. XIX / 2021 AVISO: Acesso ao Titan sujeito a condições climatéricas favoráveis; Titan sem acesso a pessoas com mobilidade reduzida. O Titan é um grande guindaste de ferro, centenário, único em todo o mundo, que tinha a capacidade de levantamento de 50 toneladas de pedra e que permitiu a construção daquele que, atualmente, é um dos maiores portos da Península Ibérica e o maior porto artificial do país, grande motor da economia local e nacional. No ano de 2023 o Porto de Leixões recebeu 2400 navios de mercadorias e exportou para 184 países. O Titan foi restaurado em 2021 e é uma infraestrutura incontornável da história e identidade do Porto de Leixões, da cidade de Matosinhos e do património industrial de Portugal.

36 Corredor Saudável de Campanhã - Urbinat Porto Infraestruturas 2015-2024 José Miguel Lameiras, David Campos, Beatriz Truta, Luís Miguel Correia, Gonçalo Canto Moniz, Vitório Leite, Andrea Conserva, Chiara Farinea 2024 Sab 10h, Arq. José Miguel Lameiras / Dom 15h, Arq. Gonçalo Canto Moniz / Ponto de encontro: Rua Falcão, junto à escola primária O Corredor Saudável de Campanhã é o resultado do projeto de investigação-ação URBiNAT (Urban inclusive and innovative Nature) financiado pelo H2020 com o objetivo de co-criar com a comunidade local de Campanhã um espaço público que integre soluções baseadas na natureza (SdN) para fazer face aos desafios ambientais e sociais deste território. Este processo foi desenvolvido por um conjunto de parceiros institucionais – Câmara Municipal do Porto, DOMUS Social, BIOPOLIS, Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra e GUDA. A área de intervenção foi definida durante o diagnóstico colaborativo, em diálogo com a comunidade local, que identificou os terrenos camarários situados entre a rua do Falcão e a Alameda de Cartes pelo seu potencial de articulação urbana entre o bairro do Cerco do Porto, do Falcão e do Lagarteiro. Nesta fase foi possível envolver um conjunto de cidadãos que habitam estes bairros, assim como o agrupamento de Escolas do Cerco do Porto e um conjunto de associações e projetos que atuam no território, nomeadamente a APPC, Fios e Desafios, Soalheira, Terra Solta, Lagartixa Park, OUPA, Jardim do Ioga, Visões Úteis, Lugar do Costume, projeto REDES, Projeto Sinergias, Projeto Na Praça, entre outros. O projeto participado do corredor saudável é constituído por um parque verde, denominado Parque da Alameda de Cartes, onde se materializam um conjunto de SdN territoriais (floresta urbana, jardim sensorial, bacias de retenção, estabilização de encostas, etc), e de SdN de caráter social, através de projetos que ocupam este espaço público para o integrar na comunidade. Destes projetos destacamos o mercado social Campmarket, a horta comunitária Germinário, a plataforma de comunicação Campanh’up, as rotas do património e as caminhadas com ioga. Foram ainda desenvolvidos um conjunto de hortas pedagógicas para as 6 escolas do agrupamento do Cerco do Porto em parceira com o IAAC – Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha. A primeira fase do parque abriu ao público em Fevereiro de 2024 e a segunda fase está em obra, estando a inauguração prevista para Setembro de 2024. (Urban inclusive and innovative Nature, URBiNAT)

47 Terminal Intermodal de Campanhã Porto Infraestruturas 2015-2024 Nuno Brandão Costa 2022 Dom 12h, Arq. Francisco Ascensão Este projeto surge para colmatar a necessidade de uma infraestrutura capaz de organizar e simplificar o transporte rodoviário de média e grande distância na cidade do Porto. A sustentabilidade ambiental foi uma preocupação que se materializou na criação de uma cobertura verde com 1600 árvores — uma solução que contribui para a purificação do ar e para a absorção do ruído sonoro. Por debaixo da cobertura ajardinada, desenvolve-se um edifício de dois pisos, em que no inferior se situa o terminal rodoviário e no superior uma galeria de espaços com zonas de serviços, infraestruturas sanitárias e áreas administrativas. Através de uma passagem pedonal que facilita a acessibilidade e mudança de meios de transporte, o Terminal integra-se na infraestrutura de transportes já existentes da estação de comboios e do metropolitano de Campanhã. (Magda Seifert e Pedro Baía, OHP’23)

48 Escadas do Monte dos Judeus Porto Infraestruturas 2015-2024 Pablo Pita Arquitectos, depA architects 2021 Sáb 11h30, Pablo Pita Arquitectos e depA architects Em 2017, os escritórios de arquitectura depA e Pablo Pita venceram o concurso de ideias lançado pela Câmara Municipal do Porto que pretendia favorecer as ligações pedestres entre a cota alta e a cota baixa da cidade. A CMP decidiu realizar um percurso circular de larga escala de forma a ligar a encosta do Palácio de Cristal a Miragaia e daí até ao morro das Virtudes, melhorando a qualidade de vida das pessoas que vivem na encosta e favorecendo a sua mobilidade através de percursos mecanizados. Na intervenção no Monte dos Judeus (realizada em 2020) foram integrados três conjuntos de escadas mecanizadas junto à velha escadaria que percorre a escarpa de Miragaia. Segundo os arquitectos: “o projecto estrutura-se a partir de um grande muro existente de pedra (que era já visível na planta topográfica da cidade do século XIX), que divide a nova escadaria mecanizada em três secções não axiais, evitando um grande rasgo linear na malha histórica.” Esta intervenção preservou a escada original, integrou novos materiais em harmonia com os existentes, e inseriu pequenas áreas ajardinadas ao longo do percurso.

49 Linha Rosa do Metro do Porto Porto Infraestruturas 2015-2024 Em obra Sáb e Dom 10h30, Equipa Metro do Porto / Uso de equipamento de proteção individual obrigatório (cedido pela Metro do Porto). Chegada com 15 min de antecdência. Ponto de encontro: Praça da Liberdade (entrada do estaleiro em frente à rua Sampaio Bruno) reservas marcação pré-marcação A nova Linha Rosa do Metro do Porto tem uma extensão de 3 quilómetros e irá assegurar a ligação entre a Estação de S. Bento e a Rotunda da Boavista. Esta linha desenvolve-se totalmente em túnel e via dupla, e terá 4 estações subterrâneas – Casa da Música, Galiza, Hospital de Santo António e São Bento – melhorando assim o acesso a áreas centrais da cidade, com importantes componentes empresariais, residenciais e de saúde, e captando por isso muitos passageiros ao transporte individual. A empresa Metro do Porto prevê um acréscimo de procura estimado em mais de 30 milhões de passageiros por quilómetro no primeiro ano completo de operação. O ponto de encontro para a visita à obra é na Praça da Liberdade, onde em breve estará localizada a estação subterrânea que implicou o desvio do rio da Vila. Em 2023, foi concluída a escavação de um túnel a 28 metros de profundidade, com 536 metros de comprimento e 6 metros de diâmetro, para desviar as infraestruturas de água subterrâneas da futura estação de metro da Liberdade.

53 Funicular dos Guindais Porto Infraestruturas 1995-2004 Raul Mesnier / Adalberto Dias 1891 / 2004 O funicular original dos Guindais esteve aberto apenas dois anos (entre 1891 e 1893) e foi encerrado devido a um acidente que implicou a rotura do cabo, acabando o contrapeso da cabine projetada junto ao pilar da Ponte D. Luís. Felizmente não morreu ninguém. Foi no âmbito do plano de reabilitação urbana da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura que se decidiu reconstruir o funicular dos Guindais. Inaugurado em 2004, a estação e casa de máquinas do novo funicular foram projetadas pelo arquiteto Adalberto Dias com uma linguagem simples, onde transparência do vidro tem a virtude de realçar a tecnologia. Gerido pela Metro do Porto, o funicular dos Guindais possibilita uma vista privilegiada quer para a Ponte D. Luís, quer para a Muralha Fernandina. (Pedro Bandeira, OHP’15)

54 Parque de S. Paio Vila Nova de Gaia Infraestruturas 2015-2024 Sidónio Pardal 2021 / a decorrer Sáb 15h, Arq. Paisagista Sidónio Pardal Se, por regra, um parque cria paisagens interiorizadas que descontinuam a formalidade rígida do edificado na malha urbana, explorando o contraste entre a geometria dura e precisa das construções e a irregularidade orgânica que persegue o imaginário do belo-natural, no caso da I fase do Parque de S. Paio a singularidade cénica do local, plasmada na foz do Douro, impôs-se e, em vez de se interiorizar o espaço deste primeiro troço do vale, procedeu-se a uma modelação que eleva o plano do antigo campo agrícola para formar uma colina de relevo ondulado suave espraiada em forma de anfiteatro aberto ao campo panorâmico da Foz. O projeto paisagístico reconhece e respeita a prevalência deste campo panorâmico e enfatiza-o criando no parque uma dominância de pontos de vista privilegiados que são tratados quase como mirantes. Ao longo do percurso marginal, entre o parque e a estuarina sente-se a unidade exposta do amplo campo panorâmico que agrega em harmonia o que se p como selvagem e o que é obra de arquitetura posta em arte. (Sidónio Pardal)

57 Intervenção Integrada do Castelo de Gaia Vila Nova de Gaia Infraestruturas 2015-2024 Divisão de Reabilitação Urbana Gaiurb, EM - Rita Amaral, Marta Gomes, Olga Brandão, Verónica Pereira, Cristina Alegria e Joana Magalhães 2024 Sáb 10h e 11h30, Arq. Marta Gomes A zona histórica do Castelo de Gaia caracteriza-se pela riqueza do seu tecido urbano, constituído por ruas, vielas, escadas e largos, com percursos quase exclusivamente pedonais. A intervenção integrada levada a cabo pela Gaiurb teve como objetivos: melhorar as condições de mobilidade através de sistemas mecânicos de elevação, criando pequenos espaços de encontro; reabilitar equipamentos e serviços de proximidade de modo a incentivar a fixação da população; melhorar a qualidade de vida da comunidade local; e, finalmente, devolver esta zona esquecida à cidade de Gaia. Esta operação urbanística foi também uma oportunidade para adquirir e atualizar o conhecimento histórico e arqueológico deste local.

59 Ponte de S. João Vila Nova de Gaia Infraestruturas 1985-1994 Eng. Edgar Cardoso 1991 Sáb 10h, Eng. João Cardoso / Sáb 11h30, Eng. Moutinho Cardoso / Sáb 14h30, Eng. Luís Afonso AVISO: Obrigatório o uso de calçado apropriado (fechado). Obrigatório o uso de EPI, a fornecer pela organização. reservas marcação pré-marcação A ponte de São João foi a primeira das travessias entre Porto e Gaia a ser construída durante a democracia Portuguesa. Esta ponte foi inaugurada em 1991 para substituir a ponte ferroviária de D. Maria Pia (1877) que, devido às limitações de carga e de velocidade e ao facto ser de via única, deixou de escoar eficazmente o intenso tráfego ferroviário no Porto. O engenheiro Edgar Cardoso foi o autor desta ponte, cuja construção demorou 7 anos (1984-1991) e empregou um sistema construtivo de cofragem deslizante, que na época constituía uma inovação, mas que se tornou, entretanto, um sistema padrão da construção mundial. A ponte de São João tem 1.140 metros de comprimento e é construída em pórtico múltiplo contínuo de betão armado pré-esforçado, com pilares laterais e três vãos: dois vãos laterais de 125 metros e um vão central de 250 metros. Em 1991 a dimensão do vão central estabeleceu o recorde mundial para pontes deste tipo.

60 Laboratório Eng. Edgar Cardoso Vila Nova de Gaia Infraestruturas 1985-1994 Eng. Edgar Cardoso 1991 Sáb 16h, Eng. Carlos Ferraz, Eng. Carrasquinho Freitas e Arq. José Carlos Oliveira reservas marcação pré-marcação Este edifício foi concebido pelo engenheiro Edgar Cardoso (1913-2000) para apoiar a construção da Ponte de S. João e servir como laboratório estrutural de experimentação de materiais e de soluções construtivas para a ponte ferroviária. Reza a lenda que Edgar Cardoso esculpiu cenouras com a forma dos pilares antes de proceder ao seu cálculo estrutural e não realizou desenhos prévios do projeto. Foi neste laboratório construído junto à ponte de São João que o engenheiro instalou o seu escritório, construiu modelos à escala real e desenvolveu o projeto à medida que a ponte era realizada. Após a conclusão da ponte, em 1991, o edifício esteve abandonado cerca de 20 anos. Hoje este equipamento é gerido pela Câmara Municipal de Gaia e alberga os serviços administrativos da Federação Portuguesa de Canoagem. Agora que uma nova ponte sobre o rio Douro está a ser desenvolvida pela mesma empresa de projetos de engenharia, Edgar Cardoso - Engenharia e Laboratório de Estruturas Lda., convidamos-vos a conhecerem este espaço através de visitas comentadas pelos autores da nova ponte.

61 Encostas do Douro Vila Nova de Gaia Infraestruturas 2015-2024 Câmara Municipal Vila Nova de Gaia / GAIURB EM 2015 / 2022 Dom 10h, Arq. João Gonçalves O projeto Encostas do Douro foi desenvolvido com o objetivo de pr e dinamizar a frente ribeirinha do rio Douro em Vila Nova de Gaia. O projeto consistiu na reabilitação dos núcleos ribeirinhos com valor histórico e patrimonial e na criação de percursos ciclo-pedonais ao longo da margem do rio. No total, o projeto Encostas do Douro realizou já 6,7 quilómetros de requalificação paisagística, numa extensão de 20 quilómetros de frente ribeirinha; melhorou 1,9 quilómetros na extensão de areinhos e areais fluviais; construiu e/ou reabilitou 21 cais de embarque; regenerou 6 núcleos ribeirinhos antigos; e interveio em 797 hectares da Estrutura Ecológica Municipal e em 594 hectares de Ecológica Nacional. Este projeto ambicioso e pluridisciplinar ambiciona garantir a adequada manutenção da biodiversidade, do património natural e cultural, bem como a valorizar a paisagem para usufruto dos seus cidadãos. Propomos por isso um passeio junto ao rio Douro entre o núcleo ribeirinho do Lugar do Esteiro e a Rua da Pedra Salgada, naquela que é uma das zonas fluviais mais recentemente reabilitada e, ao mesmo tempo, menos conhecida dos habitantes da área metropolitana do Porto. Este percurso lúdico é composto por diversos elementos arquitetónicos e paisagísticos: plataformas e escadas em pedra, que possibilitam o acesso pedonal ao rio; atravessamentos de linhas de água existentes; abrigos sob muros de pedra imponentes; e uma vegetação frondosa que nos faz esquecer estarmos tão perto da cidade.

62 Torre MEO Vila Nova de Gaia Infraestruturas 1995-2004 António da Silveira Botelho 1995 Dom 11h30, Eng. Jorge Garcia A Torre do Monte da Virgem é uma infraestrutura de telecomunicações que foi erigida nos anos 90 e que se tornou rapidamente num símbolo da cidade de Vila Nova de Gaia. É uma torre com 177 metros de altura, a mais alta estrutura deste género em Portugal, e é composta por um fuste de betão armado com 126 metros e uma antena metálica de 51 metros. Ainda que o complexo da RTP Porto se localize no Monte da Virgem desde 1959, nessa altura a transmissão televisiva ainda era intermitente em Portugal. Só 34 anos mais tarde, em 1993, é que se iniciou a construção da actual torre e só em 1995 teve lugar a primeira emissão televisiva a partir deste centro emissor. Hoje, a Torre Meo emite o sinal de Televisão Digital Terrestre e é ainda um ponto de grande importância em termos de ligações hertzianas para diferentes operadores de telecomunicações. A Torre Meo situa-se a 208 m de altitude e a sala de visitas a 104 m do solo, oferecendo por isso um ponto de vista único para observar as cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia.

63 Estúdios RTP Vila Nova de Gaia Infraestruturas 2005-2014 Rodrigues Lima (colab. Ramos da Fonseca e Jácome da Costa) / Fernando Lamas 1959 / 2007 Sáb 10h, Eng. Celso Santos / Sáb 12h Apresentador Hélder Reis / Sáb 15h Realizador Adriano Nazareth AVISO: A visita de sábado às 10h terá acesso por ordem de chegada, com prioridade para pessoas surdas, com tradução para LGP por Ana Bela Baltazar. Não há verdadeira liberdade sem informação, e esse tem sido o papel do Centro de Produção da RTP Porto ao longo da sua existência. O que começou por ser uma pequena delegação regional da RTP (em 1959), associada essencialmente a uma antena emissora para cobrir o norte do país, acabou por se tornar num próspero e diversificado centro de produção de conteúdos, com uma forte presença no quotidiano do serviço público de televisão em Portugal. Pouco a pouco, a RTP Porto foi conquistando o seu desejado espaço de autonomia, afirmando a sua ligação ao «país real» com uma oferta televisiva mais inclusiva e próxima da população. Em 1965, a RTP Porto foi responsável pela produção das emissões da Telescola – que tiveram um grande impacto pedagógico nas áreas mais isoladas do país – e, em 1973, iniciou a produção do Telejornal Regional do Norte – o seu primeiro programa informativo. Durante a Revolução de 1974, a RTP Porto desempenhou um papel fundamental, uma vez que a emissão nacional foi feita a partir do Porto durante algumas horas, por falta de operacionalidade do emissor de Monsanto, em Lisboa. Nos dias e meses que se seguiram à revolução, tornou-se comum ver na televisão os protagonistas do novo momento político, o povo nas ruas, os poetas e escritores até então silenciados. A televisão era o testemunho da liberdade conquistada. A RTP Porto foi também particularmente importante durante a crise de 25 de novembro de 1975, um momento de grande agitação política que levou ao fim do Processo Revolucionário em Curso (PREC) e à estabilização da democracia representativa em Portugal. Foi a partir do Monte da Virgem que a emissão nacional da RTP foi assegurada durante vários dias, por ordem do então Presidente da República, General Ramalho Eanes. Atualmente, a RTP Porto é um dos maiores centros de produção de conteúdos do país, com cerca de 300 trabalhadores, responsável por 40% da produção de informação e de entretenimento para os serviços de programas televisivos do grupo RTP (nos canais RTP1, RTP2, RTP3, RTP África e RTP Internacional) e radiofónicos (nas estações Antena 1, Antena 2 e Antena 3). São exemplos o telejornal da RTP2 e o programa Praça da Alegria, iniciado em 1995.

65 Orla Marítima / Ribeiras de Gaia Vila Nova de Gaia Infraestruturas 1995-2004 Águas de Gaia (vários) 1999 / a decorrer Sáb e Dom 10h, Arq. Joana Almendra e Téc. Pedro Dias / Sáb e Dom 16h, Téc. Pedro Dias AVISO: Percurso de visita efetuado em carrinha das Águas de Gaia, com duração até 2h30 reservas marcação pré-marcação A atual Orla Marítima de Gaia, com os seus 15km de praias e 19 bandeiras azuis, complementada com ciclovias e passadiços em toda a sua extensão, são o resultado de um complexo mas consistente processo de transformação do território, cuja génese foi a reformulação da rede de saneamento e a renaturalização e consolidação de cursos de água do concelho, num investimento inicial de cerca de 150 milhões de euros. Trata-se de uma operação com várias fases, intervenientes e escalas que, em estreita articulação, têm vindo a promover, desde 1999, uma mudança qualitativa da paisagem, com importantes benefícios ambientais, onde se inclui o Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Vila Nova de Gaia. Cerca de 20 a 30 pessoas trabalham diariamente na manutenção das infraestruturas e equipamentos existentes e no desenvolvimento de projetos. Atualmente, estão em curso o projeto de uma ligação ciclável a Espinho e um estudo para reforçar a especificidade do núcleo piscatório da Aguda.

4 Habitação Social Lugar do Outeiro Maia Habitação 1995-2004 João Álvaro Rocha 1999 Sáb 10h, 11h, 14h30, 16h30, Cristina Emília Silva / Sáb 15h30, Arqs. Francisco Pina Cabral, Maria Souto de Moura, Francisco Amoedo Pinto e Luis Caleiro / Dom 9h30, 10h30, Arq. Cristina Emília Silva PER no Lugar do Outeiro é um edifício de habitação social, localizado próximo do centro da cidade da Maia, com 15 fogos. Foi desenhado pelo arquiteto João Álvaro Rocha (JAR, 1959-2014) em 1996 e construído entre 1997 e 1999. Integra um conjunto de dez edifícios de habitação social, num total de 454 fogos, desenhados por JAR entre 1995 e 2007, todos realizados no âmbito do Programa Especial de Realojamento, estabelecido pelo Decreto-Lei 163/93 de 7 de maio. Dois destes edifícios localizam-se no concelho de Matosinhos, estando os restantes oito situados no concelho da Maia. É importante referir a sua inclusão neste conjunto porque a sistematização permitida pela realização deste elevado número de edifícios / fogos, foi essencial para o controle de custos, imprescindível em construções deste tipo, sem ceder na qualidade e investigação arquitetónicas. Sendo usadas as mesmas tipologias, varia a sua conjugação e a associação diferenciada a acessos verticais, para melhor responder ao número de apartamentos requeridos, à dimensão e configuração do lote, orientação solar e articulação com o contexto urbano. Com a maestria e o rigor que caracterizaram todo o seu trabalho, JAR conquistou área útil de habitação, respeitando os limites legais impostos para o financiamento deste tipo de habitação, em detrimento das áreas de circulação; aperfeiçoou e otimizou os detalhes construtivos, sem prescindir da experimentação, nomeadamente nos diferentes acabamentos de superfícies e desenho de vãos; reduziu custos, através da sistematização do desenho e dos processos construtivos. Em suma, para JAR a exigência no exercício da arquitetura era sempre elevada e não dependia do programa. (Cristina Emília Silva)

6 Conjunto Habitacional do Sobreiro Maia Habitação 1974-1984 Alexandre Vasconcelos 1981 Sáb 10h, 11h30, Arq. Nuno Lopes e Paulo Silva (Gestor de Proximidade) / Sáb 14h30, 16h, Arq. Sofia Mota e Pedro Martins (Gestor de Proximidade) / Dom 10h,11h30, Arq. Nuno Lopes, Arq. Sofia Mota e Salvador Silva (Gestor de Proximidade) O município da Maia é um exemplo de grande progresso no que diz respeito às políticas públicas de habitação depois da revolução do 25 de Abril de 1974. Antes da revolução, a cidade da Maia era um território rural e sem densidade, na periferia do Porto, onde não existiam fogos de habitação social. O Bairro do Sobreiro é o primeiro e mais relevante bairro construído na Maia no pós-25 de Abril, com 666 fogos. O bairro foi construído pelo Fundo de Fomento de Habitação entre 1976 e 1981, em terrenos que eram, na época, periféricos ao centro da cidade. O projeto do arquiteto Alexandre Vasconcelos foi influenciado pela experiência da cidade modernista e por Robert Auzelle, com quem trabalhou e aprendeu métodos de pré-fabricação. “A proposta urbanística era radical: 63 blocos habitacionais com 4 pisos acima do solo e 4 torres, 666 habitações, com equipamentos, espaços verdes e áreas comerciais e serviços. Foi um dos motores do desenvolvimento do centro da Maia, desde logo pela enorme capacidade de fixação populacional. O conjunto habitacional destaca-se consideravelmente da envolvente devido à identidade da sua forma urbana, de fundamentação modernista: edifícios soltos, envolvidos totalmente por espaço público e idealmente verde. Perante esta condição de referência, o bairro define-se claramente em contraponto com as formas circundantes.” (Nuno Lopes e Sérgio Amorim) Em 2002, o Município da Maia decidiu intervir no Bairro do Sobreiro, que agora se integra no centro da cidade, porque os edifícios apresentavam patologias de construção críticas e porque o executivo municipal perspetivava uma cidade diferente. Assim, entre 2002 e 2020 foram demolidos 20 edifícios. Os restantes 43 blocos estão, desde então, a ser objeto de operações de reabilitação, que incidem sobretudo na melhoria da eficiência energética, mas abrangem também o interior das casas, e os espaços comuns interiores e exteriores. Será executada brevemente a reabilitação dos 7 últimos blocos, e a construção de um novo edifício com 58 fogos, através dos fundos do PRR. Ao longo dos 50 anos de democracia portuguesa, os progressos registados na construção de habitação social na cidade da Maia têm sido relevantes: Na década de 80, com o apoio do Fundo de Fomento da Habitação, a autarquia construiu dois bairros com 788 fogos; Entre 1994 e 2006, no âmbito do programa PER, foram construídos 1628 fogos; Entre 2010 e 2020, foram construídos apenas 38 fogos públicos e iniciou-se a gestão e reabilitação dos fogos existentes; Atualmente, através dos fundos do PRR, prevê-se a construção de 686 fogos, o que corresponde a 93% das necessidades habitacionais identificadas em 2018 no concelho.

12 Conjunto Habitacional Monte Espinho Matosinhos Habitação 2005-2014 Paula Petiz 2005 Sáb 11h, Arq. Paula Petiz / Dom 11h e 12h, Aq. Tiago Antero O Conjunto Habitacional do Monte de Espinho foi construído pela Câmara Municipal de Matosinhos em 2005 no âmbito da sua política de habitação social. Aqui, a Câmara realojou 108 famílias, perto de 500 pessoas, que viviam em casas precárias, sem condições mínimas de habitabilidade, em ilhas degradadas das freguesias de Leça da Palmeira e de Matosinhos. O projeto da autoria da arquiteta Paula Petiz distribuiu estes 108 fogos de tipologias T1, T2 e T3 em 24 edifícios, “criando uma sequência de pequenos blocos de três pisos suficientemente densa para redesenhar a marginal da A28, mas com um afastamento entre eles capaz de criar inúmeros percursos e perspetivas ao longo da sua mancha construída.” Todos os edifícios são em parede de tijolo face à vista e os muros e escadas exteriores são em betão aparente, o que contribui para a imagem cuidada e harmoniosa do conjunto. Os acessos às habitações são sempre diretos do exterior, a partir das fachadas laterais, de forma a evitar custos suplementares com o encerramento de zonas de circulação coletiva. O complexo tem ainda um centro de dia, um jardim de infância e um centro comunitário.

19 Conjunto Habitacional de Carcavelos Matosinhos Habitação 1974-1984 Joaquim Bento Lousan / Paulo Seco e José Manuel Figueiredo 1974 / 2022 Sáb e Dom 11h, Arqs. José Manuel Figueiredo e Paulo Seco / Sáb 15h, Sr. Carlos Martinho / Dom 15h, Sr. Carlos Martinho / Dom 16h, Arq. Cláudia Rafael O Conjunto Habitacional de Carcavelos é um projeto desenvolvido no âmbito das operações SAAL, envolvendo a Associação de Moradores de Carcavelos e uma brigada de arquitectos coordenada por Joaquim Bento Lousan. Em 1975, os terrenos que foram destinados ao bairro, embora fossem próximos do centro de Matosinhos, ficavam no limite nascente da malha urbana consolidada. Os cinco blocos habitacionais que compõe o conjunto localizam-se em dois terrenos adjacentes, com configurações e confrontações distintas. No terreno junto à Avenida Villagarcía de Arosa localizam-se 3 blocos, formando uma frente consolidada, e no terreno voltado à via rápida localizam-se duas bandas contínuas, de geometria irregular e com 5 pisos. Com um total de 273 fogos, o Conjunto Habitacional dispõe de tipologias variáveis entre T0 e T4, de áreas generosas, acessíveis através de longas galerias exteriores, e cujo acesso é distribuído pelos dos volumes verticais e oblíquos das caixas de escadas. A recente reabilitação do conjunto (2017-2022) foi promovida pela MatosinhosHabit e teve como objetivo a pção dos edifícios que foram sujeitos a uma utilização intensa, praticamente sem manutenção, ao longo de 40 anos. O projeto de arquitectura incidiu fundamentalmente no tratamento de fachadas e coberturas, bem como nos espaços comuns – galerias e caixas de escadas –, procurando promover a melhoria das condições de habitabilidade em termos de desempenho energético e conforto e, ao mesmo tempo, procurando pr as qualidades originais do conjunto arquitetónico.

20 Cooperativa As Sete Bicas - Azenhas de Cima Matosinhos Habitação 1985-1994 Pedro Ramalho e Luís Ramalho 1993 Dom 10h, Arq. Margarida Quintã / Dom 10h, Arq. Margarida Quintã (Curadora OHP 2024) / Dom 11h, Arq. Adriana Pacheco A Cooperativa “As Sete Bicas” foi fundada em 6 de Abril de 1975 e desenvolveu o seu primeiro empreendimento no ano seguinte, na freguesia da Senhora da Hora, visando a construção de habitação para os seus 200 membros fundadores. Anos mais tarde, em 1988, iniciou a construção do empreendimento Azenha de Cima, em Matosinhos, num terreno com 8 hectares. Este complexo habitacional integra 516 fogos com garagens coletivas e parqueamento coberto; uma delegação administrativa; uma sala de condomínio; um ginásio; um complexo desportivo e de lazer; um jardim-escola; um centro comercial; e um ringue desportivo. Sendo que o terreno tem uma pendente acentuada, os autores do projeto decidiram implantar as zonas verdes e equipamentos na cota mais baixa e dispor os blocos residenciais segundo as linhas de nível do terreno, de forma a que as fachadas dos edifícios acompanhem os percursos naturais, e dando origem a dois níveis de acesso em cada bloco habitacional. Segundo a memória descritiva dos autores: “Na base da organização dos núcleos de acessos está o princípio de que a imagem urbana deste conjunto deveria resultar de uma associação linear de edifícios, articulados entre si, e não como unidades habitacionais isoladas. Desta forma, os edifícios definem espaços concretos, seja de rua, alameda ou praça. Os fogos organizam-se segundo três tipos de colunas de acesso: serventia a dois fogos por piso, nos módulos lineares; serventia a três fogos por piso, nos módulos angulares; serventia a quatro fogos por piso, nos edifícios isolados de planta central.”

21 Cooperativa Gente do Amanhã Matosinhos Habitação 1985-1994 José Pulido Valente 1985 Sáb 16h, Arq. Bruno Baldaia / Dom 14h, Arq. Vasco Real Antunes / Dom 17h, Arq. Margarida Quintã e Arq. José Corte Real Em 1985, José Pulido Valente, para a Cooperativa de Habitação Gente do Amanhã, projeta um conjunto com duas dezenas de fogos. A organização dos quatro edifícios em banda, com acessos, garagens e zonas verdes, constrói espaços de proximidade inusitados e muito ricos. Cada banda multifamiliar, com fogos em duplex, vira os acessos para o suposto interior de quarteirão não ortodoxo, utilizando o eixo de cada conjunto como pequena rua de acesso às garagens, colocadas em volumes longitudinais descolados das habitações. Na cobertura verde destes volumes das garagens, colocado como um pódio, faz -se outro nível de distribuição horizontal, através da qual se acede aos fogos do segundo andar. As escadas, soltas e a céu aberto, largam-se perpendicularmente a estes dois volumes — das habitações e das garagens —, fazendo com que estes dois volumes, deste modo pontual, se toquem. A grande zona central, entre os pares de blocos, é um amplo espaço público com zona de jogos, sombras, circulação pedonal, zonas de estada e zonas verdes. (Patrícia Santos Pedrosa)

22 Conjunto Habitacional do Telheiro Matosinhos Habitação 1995-2004 Manuel Correia Fernandes 2004 Sáb 14h, Arq. Manuel Correia Fernandes / Sáb 17h, Arq. Carlos Machado e Moura / Dom 14h, Arq. André Fernandes O Conjunto Habitacional do Telheiro, na freguesia de São Mamede Infesta, foi promovido pela Câmara Municipal de Matosinhos para o realojamento de uma população em situação de habitabilidade precária. O complexo tem 44 fogos distribuídos por 4 bandas contínuas, formando filas paralelas com extensões diferentes – os volumes mais curtos albergam casas com dois pisos e tipologia T3; os mais longos têm casas também com dois pisos e tipologia T2. O conjunto habitacional insere-se num contexto de construção densa e de baixo porte, e por isso toma a escala e a organização básica da envolvente como referência. As casas são células autónomas, acessíveis através de um pequeno pátio frontal aberto, que promove um contacto direto com a vizinhança mais próxima. Este realojamento foi realizado em grande adequação com as características e os modos de uso das famílias, e foi motivo de clara melhoria da situação urbana preexistente. Os blocos construídos em tijolo são complementados por elementos em pedra que estabelecem a ligação com as ruas circundantes, seja através de muros divisórios, taludes, rampas ou escadas. Trata-se de uma obra de grande qualidade arquitetónica, que se revela na variação do desenho dos gavetos, em pequenos detalhes ou subtis diferenças tipológicas, bem como na escala pedonal, agradavelmente comum, de todo o conjunto habitacional.

27 Cooperativa da Prelada Porto Habitação 1985-1994 Mário Moura e José Oliveira 1994 Sáb 11h, Arq. Paulo Farinha Marques / Ponto de encontro: Escritório do Condomínio Geral - Alameda António Macedo n.119 -1- loja 8. Em 1991, a Câmara Municipal do Porto apoiou o projeto Cidade Cooperativa da Prelada, que resultou da união de sete cooperativas de habitação da cidade e que viria a construir 591 habitações na freguesia de Ramalde. A criação desta cooperativa de habitação pressupunha o desenvolvimento de uma noção mais rica de qualidade de vida, ultrapassando os limites do edificado, razão pela qual os cooperantes decidiram chamar-lhe “cidade”. O empreendimento tem uma área de cerca de três hectares onde se implantam 9 blocos de habitação, com tipologias T2, T3 e T4. O projeto de arquitetura foi desenvolvido pelo Grupo 3 e o projeto de integração paisagística foi desenvolvido pela Aparte. São mais de 11 mil m2 de jardins, dos quais cerca de 65% são coberturas ajardinadas. O complexo foi concluído em 1993 e inclui vários estabelecimentos comerciais, um infantário e um equipamento de lazer. A criação e manutenção da Cidade Cooperativa da Prelada envolveu a colaboração entre os vários sectores da sociedade – público, privado, cooperativo e social – resultando num exemplo de sucesso que pode servir de base à criação de novas políticas de habitação em Portugal. Hoje, num contexto de agravamento das dificuldades no acesso à habitação, as cooperativas voltam a ser reconhecidas em diversas iniciativas legislativas como entidades promotoras necessárias e complementares à resposta pública.

28 Cooperativas de Aldoar Porto Habitação 1974-1984 2005-2014 Manuel Correia Fernandes 1979-2009 Sáb e Dom 11h, Arq. Maria José Casanova / Dom 12h, Arq. Manuel Correia Fernandes / Uso de cobre-sapatos obrigatório em todas as visitas. A Cooperativa de Habitação Económica Solidariedade e Amizade (SACHE) foi fundada em Janeiro de 1978 por um grupo de pessoas ligadas à Faculdade de Belas Artes movidas pelo grave problema da carência de habitação com qualidade e a preços justos para largos sectores da população portuguesa. O primeiro empreendimento desenvolvido por esta cooperativa situa-se na freguesia de Aldoar, tem 54 fogos, e foi inaugurado em 1989. Foi o arquiteto Manuel Correia Fernandes quem desenhou o extenso edifício com acesso em galeria exterior, bem como os restantes blocos que foram edificados anos mais tarde (a segunda fase entre1986 e 1993; a terceira fase entre 2002 e 2007). Ao longo de 30 anos, o arquiteto projetou edifícios com características tipológicas distintas, mas usou sempre o tijolo como material predominante no revestimento das fachadas, estabelecendo uma coerência evidente entre os diversos volumes que formam o conjunto habitacional das cooperativas de Aldoar. Os fogos têm diferentes tipos de acesso, e uma espacialidade pouco habitual neste género de habitação, sendo grande parte deles articulados em meios-pisos e dúplex.

30 Torres Vermelhas da Pasteleira Porto Habitação 2015-2024 João Serôdio, Luís Almeida D'Eça e Rui Paixão / Dyvik Kahlen 1972 / 2020 Sáb 15h, Arq. Luciana Rocha / Sáb 10h e Dom 16h, Arq. Rui Ramos / Uso de cobre-sapatos obrigatório em todas as visitas. O projeto das “Torres Vermelhas” da Pasteleira data de 1966, tendo-se iniciado a construção em 1972. O projeto de arquitetura deste conjunto habitacional composto por 12 edifícios, 6 torres e 6 blocos, com apartamentos de tipologias desde T2 a T5, atribui-se aos arquitetos João Serôdio (1932-), Luís Almeida D’Eça (1921-2011) e Rui Paixão (1932-). Este projeto foi construído sob o financiamento das “Habitações económicas” (HE), uma divisão da Federação de Caixas de Previdência (1947-72), no âmbito das Casas de Renda Económica (HE-FCP). (...) Apesar destes edifícios terem sido construídos em regime de arrendamento, foram posteriormente divididos em frações autónomas, possibilitando aos moradores a sua aquisição e facilitando a realização de intervenções no interior das habitações. (...) A construção do conjunto dividiu-se em duas fases, sendo que a primeira inclui as três torres mais a Nascente enquanto a segunda fase corresponde aos restantes edifícios. As torres, implantadas em espaços ajardinados e rodeadas por zonas de estacionamento ao ar livre, são compostas por catorze pisos para habitação com cave semienterrada destinada a arrumos individualizados. Em cada piso distribuem-se quatro apartamentos a partir de um núcleo central de elevadores e escadas, três com tipologia T3 e um apartamento com tipologia T4, o que resulta numa composição simétrica do conjunto. A conceção espacial dos apartamentos distingue-se pela concentração dos espaços de serviço junto ao núcleo de acessos e, sobretudo, pela localização central da sala e relação desta com a varanda adjacente – espaço exterior coberto. (Luciana Rocha e Gisela Lameira)

38 Casa 61 - Bairro da Bouça Porto Habitação 1974-1984 2005-2014 2015-2024 Álvaro Siza / Nuno Reis Pereira 1977 / 2006 / 2023 Sáb 10h às 12h e das 14h às 15h, Arq. Lucas Keller da Costa / Sáb 15h00, Arq. Nuno Grande (Ponto de encontro na escadaria do pátio central) / Dom 10h às 12h e das 14h às 15h, Arq. Nuno Reis Pereira A casa 61 pertence à primeira fase do conjunto habitacional da Bouça, desenhado nos anos 1970 por Álvaro Siza no âmbito do processo SAAL. Tendo sofrido muitas alterações, a casa chegou aos dias de hoje com escassos vestígios da sua primeira vida. Não sendo possível “repetir”, foi preciso repor ou repropor. A maioria das (re)propostas já fora dada em 2006, aquando da conclusão do conjunto na sua relação definitiva com a cidade. Três décadas após o fim do SAAL, as novas tipologias traziam revisões: os materiais foram atualizados, as dimensões retocadas e o uso dos espaços flexibilizado. As decisões na reabilitação desta casa em 2023 frequentam o mesmo espírito, tomando por empréstimo alguns azulejos ou uma porta de correr. Cederam-se certas reposições. No entanto, não se resiste a precisar a leitura da tipologia original, ambicioso exercício de modernidade, gáudio fresco daqueles anos. (Nuno Reis Pereira) orresponde à extensão da linha amarela do Metro do Porto.

39 Casa 44 - Bairro da Bouça Porto Habitação 1974-1984 2015-2024 Álvaro Siza e António Madureira / Patricio Guedes e Cristina Chicau 1975 / 2019 Sáb 10h, 10h30, 14h30 e 15h, Arqs. Patricio Guedes e Cristina Chicau / Sáb 11h, Arq. Nuno Grande A casa 44 pertence à primeira fase de construção do conjunto habitacional desenhado no âmbito do SAAL. Só mais tarde, passados trinta anos, o projecto é concluído na sua totalidade, restabelecendo-se as relações daquele território com a cidade. No entanto, naqueles anos, a casa sofreu muitas alterações que os novos proprietários, também arquitectos, tentaram reverter. O processo foi meticuloso tendo como modelo as casas vizinhas, ou seja, o modelo original que era possível ver, medir e copiar na casa, entretanto transfigurada. Se, como diz Siza, “repetir nunca é repetir”, encontraremos as diferenças? Em baixo, na livraria de arquitectura Circo de Ideias, habitante do bairro, os livros permitem comparar. É um espaço ‘entre’ uma passagem secreta entre a urbanidade da Rua da Boavista e o interior doméstico do bairro: de um lado, ouve-se os motores e as buzinas dos automóveis; do outro, o silêncio é cadencialmente cortado pelo metro a passar. (Joana Couceiro e Nuno Valentim, OHP’19)

41 Cooperativa de Habitação de Massarelos Porto Habitação 1995-2004 Manuel Fernandes de Sá e Francisco Barata Fernandes 1995 Sáb e Dom 14h30, Arq. Helder Casal Ribeiro “A Cooperativa de Habitação de Massarelos surge na sequência do processo iniciado pela Associação de Moradores de Massarelos, integrada no programa SAAL/Norte que, em Outubro de 1976, foi suspenso por decisão Governamental. Contudo, as populações que tinham desenvolvido experiência organizativa e de solidariedade souberam encontrar, nalguns casos, alternativas para continuarem a luta pela habitação. Esta cooperativa “herdeira” da associação de moradores representa um dos casos de persistência, militância e capacidade de concretizar os objectivos do direito à habitação.” O conjunto habitacional é constituído por 95 fogos de tipologias T2, T3 e T4, divididos em quatro edifícios com diferentes configurações. A morfologia do lote e o declive acentuado do terreno foram, segundo os arquitetos, fatores determinantes não apenas para o desenho geral do conjunto mas também para a organização interior dos fogos. Os apartamentos foram concebidos com um princípio estrutural que permite demolir todas as divisórias interiores de cada habitação, disponibilizando totalmente a sua área interior para futuras opções. Assim, existe apenas um pilar central em cada apartamento e todas as infraestruturas de águas e esgotos foram concentradas nas paredes periféricas.

42 Reabilitação Exterior Bairro Monte da Bela Porto Habitação 2015-2024 Cristina Guedes e Francisco Viera de Campos 2021 Sáb 10h, Arq. Cristina Guedes A construção do Bairro Monte da Bela, em Campanhã, remonta a 1970 e é constituído por 236 fogos que se dividem por 7 blocos habitacionais. Terminaram este ano as obras de reabilitação baseadas no projeto de melhoria e eficiência energética que incluiu intervenções nas fachadas, coberturas, lavandarias, acessos verticais e a reabilitação integral do piso-térreo, que alberga a Associação de Surdos do Porto (ASDP) e a Associação Desportiva e Recreativa do Bairro Monte da Bela. O projeto desenvolvido pelo escritório Menos é Mais foi atento às caraterísticas formais e materiais do conjunto construído existente, de modo a não conduzir à sua descaracterização. Pequenos apontamentos de cor, tal como o amarelo das guardas das varandas, ou o cinza escuro das portas de entrada dos fogos, realçam as texturas dos materiais previamente existentes: pedra, tijolo e betão. O Município do Porto é um dos maiores proprietários de habitação do país, e tem vindo a desenvolver estas ações de reabilitação nos bairros sociais intervindo sobre as fachadas dos edifícios e na requalificação dos espaços exteriores. As intervenções pretendem melhorar o conforto das habitações e a qualidade de vida das pessoas pela integração do espaço exterior dos bairros no espaço público da cidade, promovendo uma maior envolvência dos inquilinos municipais e das associações de moradores. O Parque de Habitação Pública Municipal é constituído por 49 bairros sociais e por 260 edifícios dispersos pela cidade, num total de cerca de 13.000 fogos, nos quais residem aproximadamente 30.000 pessoas, o que corresponde a 13 % da população da cidade do Porto. Nos próximos anos, a Domus Social, empresa municipal que gere o parque habitacional do município, prevê a construção de 200 habitações.

51 Ilha de S. Vítor Porto Habitação 2015-2024 - / Bernardo Amaral Séc. XIX / 2015 Sáb 15h, Arq. Bernardo Amaral / Sáb 16h, Arqs. Aitor Varea Oro e Marta Sousa / Visita das 15h00 com acesso à ilha 113. Restantes visitas apenas com acesso à ilha 172. As ilhas habitacionais do Porto surgiram na segunda metade do século XIX, sobretudo na zona oriental da cidade, para alojar a nova classe operária. A ilha que propomos visitar na rua de S. Vítor é um exemplo morfológicos deste tipo de habitação. O lote tem 5.75m de frente, e comunica com a rua de S. Vítor por um pequeno portão que esconde uma rua interior, com cerca de 1,40m de largura, que dava acesso a 8 casas, cada uma com 14m². Hoje existem ainda muitas casas com estas características, mínimas e insalubres. De acordo com os inquéritos da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto (SRU) existem 975 habitações nestas condições precárias, sendo que a SRU pretende requalificar cerca de 10% destas casas até 2026. Tendo em conta que se tratam, na sua maioria, de habitações privadas, as ações de reabilitação são um processo longo, sendo que a SRU ora compra algumas destas casas, ora promove reabilitações em propriedade privada. As ilhas do Porto foram sempre ignoradas até ao 25 de abril; posteriormente, os planos diretores municipais não foram capazes de apontar soluções para o problema; hoje, a Câmara Municipal do Porto não propõe a erradicação das ilhas, mas sim a sua requalificação, de forma a proporcionar melhores condições de vida às pessoas que nelas habitam, e pndo os valores imateriais da comunidade. Atualmente, estão em construção 47 habitações na ilha da Lomba, em Campanhã, onde antes existiam 63 casas. O recente fenómeno turístico na cidade, que se desenvolveu sobretudo na última década, levou a que as ilhas do Porto despertassem também o interesse do sector imobiliário para serem transformadas em habitações temporárias. “Aqui encontramos um exemplo recente de ‘simples reabilitação’ de uma ilha privada. A intervenção consistiu, essencialmente, na duplicação das áreas habitáveis, agregando volumes, e na eliminação de anexos devolvendo área livre exterior às casas (residências temporárias para artistas). A ilha oferece um espaço livre, de criação, e, simultaneamente, recebe energia renovada para se reinventar” (Joana Couceiro e Nuno Valentim, OHP’19)

64 Vila d'Este Vila Nova de Gaia Habitação 2005-2014 Carlos Garcia / Nuno Abrantes 1990 / 2015 Sáb 10h às 13h, Arq. Nuno Abrantes e Eng. Moreira A urbanização da Vila d’Este é um projeto do final dos anos 70, de promoção privada, que ofereceu habitação a custos controlados, utilizando um sistema construtivo de pré-fabricação em betão. O conjunto habitacional é composto por 109 edifícios, que contém 2085 habitações e 76 espaços comerciais, onde vivem hoje cerca de 16000 pessoas. A obra começou em 1983 e a venda dos apartamentos avançou até à falência da construtora. Posteriormente, foram os bancos credores que completaram a construção, no início dos anos 90, e tomaram posse de várias frações. A Câmara Municipal de Gaia adquiriu apartamentos para habitação social, e mais tarde, construiu os equipamentos coletivos: um jardim de infância, uma escola primária, uma escola secundária, um gimnodesportivo e uma piscina. Devido à evidente decadência física e social do bairro, a Câmara Municipal de Gaia apoiou, em 2015, o projeto de reabilitação do exterior das construções, que começou com um levantamento escrupuloso das patologias construtivas dos edifícios. Este inquérito foi coordenado pelo engenheiro Vítor Abrantes e foi apoiado pelo voluntariado da Associação de Proprietários da Vila d’Este. O diagnóstico permitiu depois estabelecer as condições para o desenvolvimento de um projeto de arquitetura capaz de resolver os problemas técnicos e, simultaneamente, renovar a imagem urbana do conjunto. A requalificação da urbanização da Vila d’Este foi a maior obra de reabilitação urbana em curso na Europa, e envolveu um contexto jurídico excecional, com o sector público a fazer obras em propriedade privada. A visita começará junto à recém-inaugurada Estação Vila d’Este, que corresponde à extensão da linha amarela do Metro do Porto. ste, que corresponde à extensão da linha amarela do Metro do Porto.

33 Centro Comunitário S. Cirilo Porto Comércio e Serviços 2005-2014 Nuno Valentim e Frederico Eça 2008 Sáb 14h30, Arq. Frederico Eça / Dom 14h30, Arq. Nuno Valentim O Centro Comunitário de São Cirilo criado pelos jesuítas no Porto é um edifício projetado pelo arquiteto Nuno Valentim com a finalidade de acolher pessoas e famílias (nacionais ou estrangeiras) a passar por uma fase temporária de dificuldade. O espaço comunitário desenvolve-se a partir da rua de modo permeável e acessível até aos confins do lote irregular. A luminosidade dos espaços é garantida pela existência de dois pátios, de forma retangular, diferenciados na sua dimensão. A serenidade impera na cor e na transparência dos planos abundantes de vidro que contornam o pequeno jardim. Detalhado de forma simples, a solução procurou cumprir o orçamento limitado. Os três pisos do alçado principal expressam-se numa linguagem simples, quase genérica no âmbito da arquitetura contemporânea, mas sensível ao ritmo e escala do seu contexto imediato. (Pedro bandeira, OHP’15) No ano de 2023, o Centro Comunitário de São Cirilo acolheu 1280 utentes provenientes de 70 países, distribuiu 9571 refeições e acompanhou 147 colocações profissionais. www.saocirilo.pt

45 Mercado do Bolhão Porto Comércio e Serviços 2015-2024 Correia da Silva / Nuno Valentim, Arquitectura Lda 1917 / 2022 Sáb 8h, Arq. Rita Lima / Sáb 10h, Arq. Nuno Valentim O Mercado do Bolhão foi construído em 1917 num largo que já existia como mercado desde 1837 e que se tornou, desde então, o principal mercado de frescos da cidade do Porto. O projeto de Correia da Silva desenhou um grande quarteirão retangular que protege a praça no seu interior e estabelece ligações abertas com a cidade, colocando entradas em cada uma das ruas que rodeiam o edifício. Nos anos 90 do século passado, devido ao avançado estado de degradação do mercado, começou a ser equacionada a sua reabilitação, mas os diferentes executivos municipais que se sucederam defenderam soluções arquitetónicas e modelos de gestão económica que não tiveram apoio popular. Em 2007, a Câmara Municipal do Porto pretendia demolir o Mercado do Bolhão e entregar a sua concessão a empresas privadas por 70 anos. Nessa altura, os portuenses uniram-se para criar associações e organizar várias ações públicas para impedir a demolição iminente: foi entregue uma petição com mais de 50.000 assinaturas na Assembleia da República; foi interposta uma ação judicial; foram realizadas várias manifestações junto ao mercado e à Câmara Municipal, bem como tertúlias e ações de esclarecimento. Estas manifestações populares culminaram, em maio de 2008, com o Cordão Cultural do Bolhão, que foi um grande evento cultural em torno do mercado com a participação de vários artistas solidários com a causa. A reabilitação levada a cabo pelo arquiteto Nuno Valentim permitiu devolver o Mercado à cidade do Porto em 2022. O mercado obsoleto e envelhecido em 2018 foi transformado num mercado renovado, que mantém 60 antigos vendedores, 26 lojas e 3 restaurantes. Mas a capacidade do mercado também aumentou, tendo sido acrescentados novos vendedores, novas lojas e mais 7 restaurantes. Antes da reabilitação do Mercado do Bolhão, o edifício recebia cerca de 5.000 visitantes por dia, aos sábados; atualmente, recebe cerca de 30.000 visitantes diários. Ainda assim, apenas 30% das vendas correspondem a visitantes ocasionais, porque o mercado serve sobretudo um abastecimento de proximidade, para clientes regulares e para o comércio local na envolvente próxima.

1 Estádio da Universidade da Maia Maia Equipamentos 2015-2024 José Carlos Loureiro, José Manuel Loureiro e Luís Pinheiro Loureiro 2017 Sáb 11h30, Arq. Luis Pinheiro Loureiro O Estádio da Universidade da Maia é um equipamento desportivo dedicado ao ensino superior que serve as licenciaturas de Desporto ministradas Universidade (UMAIA) e no Instituto Politécnico (IPMAIA). Fora do tempo regular de aulas, o estádio serve ainda os estudantes, docentes e funcionários da UMAIA e do IPMAIA, num total de cerca de 5500 pessoas. Para além desta vasta comunidade escolar, os campos desportivos estão também abertos à comunidade externa, através de protocolos com associações e clubes desportivos, recebendo mais de 500 jovens a cada semana. Este equipamento desportivo não serve apenas o seu propósito funcional, mas articula também os vários espaços do campus académico, as diferentes cotas do terreno, e estabelece continuidades através da criação de diversos percursos pedonais. Na cota superior localiza-se o campo de futebol e a pista de atletismo, paralelamente à linha de metro, e na cota inferior os courts de ténis, enterrados, protegidos do vento, e envolvidos pela bancada coberta e pelos grandes balneários que servem toda a estrutura desportiva.

3 Corredor do Rio Leça, Parque Ponte de Moreira Maia Equipamentos 2015-2024 Associação de Municípios, Corredor do Rio Leça 2024 Sáb 10h, Arq. Filipe Ramalhão / Sáb 11h, Eng. Artur Branco / Sáb 14h, Arq. Paisagista Laura Roldão Costa / Dom 11h, Biologo Paulo Alves O rio Leça possui uma extensão de 48 quilómetros, desde a nascente até à sua foz em Matosinhos. Considerado durante décadas um dos rios mais poluídos da Europa, tem vindo nos últimos anos a ser palco de um relevante programa de regeneração. Nesse contexto, em 2016, os quatro municípios por onde passa o rio – Matosinhos, Maia, Valongo e Santo Tirso – uniram esforços e começaram a trabalhar na consolidação, estratégia e definição de um plano que designaram como Corredor do Leça e que, entre outras valências, nomeadamente ambientais, procura promover o reencontro das comunidades com este importante curso de água. (Graça Correia e Joel Cleto, OHP’22) O corredor do Rio Leça é o primeiro rio totalmente monitorizado do país, com sensores de nível de água e sensores de qualidade da água desde a nascente até à foz. Para além disso, quatro guarda-rios percorrem diariamente as Margens do Rio Leça. A Associação do Corredor do Rio Leça já realizou: 71 km de controlo seletivo da vegetação nativa e invasora nas margens do rio; 295267,30 m2 de área cortada de plantas exóticas invasoras; 250 toneladas de resíduos retirados do leito do rio; 6 km de técnicas de engenharia natural; 51643 plantas nativas plantadas (36150 árvores e15493 arbustos). O Parque Ponte de Moreira encerra em si um espaço privilegiado de conservação da natureza, e foi o primeiro parque fluvial a ser construído nas margens do Rio Leça em 2016. Foi fomentada a sua regeneração natural através da plantação de árvores típicas dos ecossistemas ribeirinhos da nossa região com ajuda de voluntários e um regime de manutenção que promove a regeneração. Foi também um dos primeiros locais onde foram desenvolvidas ações de limpeza do leito e nas margens do Leça com voluntários, desde 2009. Com um percurso pedonal ao longo do rio, o parque permite a realização de caminhadas e/ou corridas entre a vegetação maioritariamente autóctone, como o Carvalho-Alvarinho, o Sobreiro, o Medronheiro ou o Azevinho. No percurso é possível encontrar bancos de apoio para usufruto dos visitantes. Entre as pontes de Moreira e da Pedra e numa extensão de 6, 9 km, uma ciclovia e percursos pedonais, aumenta a visibilidade do Leça, promove um maior contacto com a natureza e novas oportunidades de mobilidade ao longo do rio. www.cm-maia.pt

5 Fundação Gramaxo Maia Equipamentos 2015-2024 Álvaro Siza 2021 Sáb 15h e Dom 17h, Arq. António Choupina A Fundação Gramaxo, cuja atividade visa promover as artes e a cultura local, tem o seu novo edifício implantado no complexo habitacional e agrícola do século XVII da Quinta da Boavista. Concebido para expor a coleção da família Gramaxo, este projeto organiza várias salas para exposições permanentes e temporárias, assim como uma sala polivalente que pode ser utilizada como auditório. Procurando evocar a memória do edifício pré-existente, a nova construção ocupa as áreas construídas existentes, apesar de assumir uma forma e volumetria diferentes. Ainda nesta referência à memória, destaca-se a projeção de uma pérgola articulada com a sala de exposições temporárias e o auditório. (Magda Seifert e Pedro Baía, OHP’23)

7 Câmara Municipal da Maia Maia Equipamentos 1974-1984 Manuel Rodrigues e António Machado 1982 Dom 11h, Presidente da Câmara Municipal da Maia, Eng. António Domingos da Silva Tiago A vila da Maia foi elevada a cidade em 1986, doze anos depois da revolução de Abril. Contudo, o edifício dos Paços de Concelho é um projecto do início da década de 70 do século passado, que foi submetido à aprovação do Ministério das Obras Públicas em 1971, mas cuja obra só foi concluída em 1982. O projecto dos Paços de Concelho cruzou assim uma década e uma revolução democrática, mantendo as suas intenções de representação de um novo poder autárquico. É um edifício com 3 pisos, concebido para concentrar todos os serviços camarários, e afirmar o centro da futura cidade da Maia. Serão visitáveis a sala D. Manuel e o Salão Nobre da Câmara Municipal, onde decorrem actualmente as Assembleias Municipais, e onde estão expostas tapeçarias de Sobral Centeno e Álvaro Siza Vieira.

8 Torre Lidador Maia Equipamentos 1995-2004 António Machado 2001 Dom 12h, Mário Aguiar (Técnico Turismo C.M.Maia) A Torre Municipal de Serviços da Maia, Torre Lidador, é uma obra emblemática deste concelho e do seu dinamismo representando o abrir de um novo ciclo de progresso e de desenvolvimento. Tendo como objetivo primordial a instalação dos serviços municipais, a Torre é um marco determinante num processo de desenvolvimento sustentável, que não tem par no nosso país. A Torre Lidador é uma referência da cidade, com 92 metros de altura, sendo à época que foi construído o 5º edifício mais alto do país e o mais alto fora da cidade de Lisboa, visível a partir de qualquer uma das dez freguesias do concelho. A Torre representa uma referência, não apenas geográfica, mas ilustrativa do desenvolvimento, da capacidade de trabalho e de espírito empreendedor. Representa a transparência e a abertura do Poder Local, a acessibilidade da Câmara Municipal da Maia perante os cidadãos. Trata-se de um espaço de trabalho aberto e transparente, inaugurado a 9 de julho de 2001. (Graça Correia e Joel Cleto, OHP’22)

10 Mosteiro de Leça do Balio e Escultura Aberta Matosinhos Equipamentos 2015-2024 - / - / Álvaro Siza Séc. X / Séc. XIV / 2024 Sáb 17h, Arq. António Choupina / Dom 17h, Arq. Álvaro Fonseca * * * Incluído na visita de sábado, pelas 17h: Leitura de excertos "Luz Inclinada"pelo Prof. Pedro Eiras e Bailado "O Caminho"pelo Ballett do Douro Companhia O Mosteiro de Leça do Balio foi adquirido pelo Lionesa Group em 2016, tendo sido solicitado ao Arquiteto Siza Vieira e ao Arquiteto Sidónio Pardal que projetassem um futuro para o Mosteiro que ajudasse à reativação desta importante herança, de pioneirismo e humanismo, na sua incontornável ligação aos Caminho de Santiago. As obras iniciaram-se em 2020 e completaram-se em junho de 2024. O projeto de recuperação, valorização e divulgação do Mosteiro de Leça do Balio compreende não só a reabilitação estrutural de um património de elevado valor histórico, cultural e arquitetónico, de modo a pr um espaço que é considerado monumento nacional desde 1910, mas também a criação de um novo edifício - a Escultura Aberta de Siza. Esta escultura, uma estrutura em betão branco de 20x20 metros de largura também da responsabilidade do Arquiteto Siza Vieira, procura sublinhar e dar visibilidade à importância que ao longo dos tempos o Mosteiro de Leça do Balio possuiu no apoio aos peregrinos no Caminho Português de Santiago: espaço de introspeção, com um pátio exterior e uma área coberta mais da, este é um espaço ecuménico onde, na tradição e pioneirismo góticos de Leça do Balio, a luz tem um relevante papel ao longo do dia. (Fundação Livraria Lello)

16 Câmara Municipal de Matosinhos Matosinhos Equipamentos 1985-1994 Alcino Soutinho 1987 Sáb 10h, Historiador Joel Cleto (c/ tradução LGP) / Sáb 12h, Arq. Urbanista Paulo Silvestre / Dom 11h, Presidente da C.M. Matosinhos, Dra. Luísa Salgueiro Os Paços do Concelho resultam de um concurso público de ideias promovido em 1980. A organização e a conceção privilegiam o espaço público e a relação entre exterior e interior. O contraste entre as naves de altura dupla e tripla, associada ao átrio e aos acessos verticais, e as galerias de acesso aos serviços criam um espaço democraticamente participado e qualificado, alcançado na assembleia municipal e no salão nobre, aberto, a maior e melhor espacialidade. Historicamente, a imagem e a linguagem adotam simbolicamente o mármore e, linguisticamente, as teorias racionalistas e funcionalistas de Aldo Rossi. Acabamentos e revestimentos cerâmicos texturam e trabalham a luz que invade o interior. Simultaneamente monumental e amical, materializa a representatividade e proximidade ao cidadão desejada poucos anos após o 25 de abril de 1974. (João Paulo Rapagão e Inês Moreira, OHP’18)

17 Biblioteca Municipal Florbela Espanca Matosinhos Equipamentos 2005-2014 Alcino Soutinho 2005 Sáb 11h, Vereador da Cultura Fernando Rocha / Sáb 16h, Técnica Susana Gonçalves “O edifício da biblioteca, inaugurado a 9 de Maio de 2005, e projetado para acolher a nova Biblioteca Municipal Florbela Espanca, a Galeria Municipal e o Arquivo Histórico, foi um passo decisivo para Matosinhos, dotando a cidade de um equipamento capaz de reunir condições reais de espaço, conforto e consequente possibilidade de realização de mais e melhores atividades, convergentes com a promoção do Livro e da Leitura, e da Cultura em geral. Com cerca de 18.000 leitores inscritos, a biblioteca conta atualmente com um acervo de aproximadamente 90.000 documentos disponíveis ao público”. www.cm-matosinhos.pt O edifício da Biblioteca, Galeria e Arquivo Municipal de Matosinhos é um projeto da autoria do arquiteto Alcino Soutinho à semelhança da Câmara Municipal de Matosinhos, que é um marco na produção arquitetónica portuguesa e foi inaugurada em 1987. Entre estes dois edifícios encontra-se o Palacete de Trevões (1911), atual Museu da Memória de Matosinhos, que deu origem ao centro cívico da cidade. Alcino Soutinho desenhou um edifício no qual o volume horizontal e transparente da galeria e o volume compacto da biblioteca se autonomizam, mas simultaneamente comunicam através de um espelho de água. O arquiteto criou assim um espaço exterior sombreado junto à água com vista para os antigos jardins do Palacete de Trevões, que é bem-vindo pelos utilizadores em todas as estações do ano. O volume da biblioteca, com quatro pisos, é um volume sólido, com uma pele de pedra branca e formalmente seco, que se coloca no parque, mas simultaneamente colmata a empena do edifício municipal vizinho, junto à Rua 1º de Maio.

18 Casa da Arquitectura - Real Vinícola Matosinhos Equipamentos 2015-2024 Eng. António da Silva / Guilherme Machado Vaz 1901 / 2017 Sáb. 10h, Arq. Guilherme Machado Vaz / Sáb. 11h (Exposições) e 14h (Quarteirão Real Vinícola), Luana Santos (Equipa Serv. Educativo CA) / Sáb. e Dom. 15h, Arq. José Fonseca (Arquivo); AVISO: Visitas sem pré-marcação mas com distribuição de senhas 30 minutos antes de cada visita / visitas ao Arquivo têm lotação máxima de 15 pessoas. O quarteirão da Real Vinícola reabriu em 2017 por vontade política e pelo desenho, atento e transformador, do arquitecto Guilherme Machado Vaz. O edifício foi construído no final do séc. XIX e foi um dos primeiros a instalar-se, estrategicamente, na malha industrial de Matosinhos Sul ocupando quase integralmente um dos seus quarteirões. A construção encontrava-se em avançado estado de degradação, com partes em ruína, mas ainda assim, percebia-se que resultava de uma cuidadosa solução original. O projecto de reabilitação cruzou os pressupostos dos novos programas com os valores singulares identificados no local – o duplo-pátio, as estruturas de armazenagem, os sistemas construtivos… E possibilitou uma nova vida interior, ancorada na Casa da Arquitectura, na Orquestra de Jazz de Matosinhos e noutros espaços comerciais e multifuncionais. (Joana Couceiro e Nuno Valentim, OHP’19)

23 Área Lúdica da Ala Pediátrica H. S. João Porto Equipamentos 2015-2024 ARG studio 2022 Sáb 19h e 19h30, Arq. Ricardo Guedes reservas marcação pré-marcação A Ala Pediátrica do Hospital São João, após anos de mediatismo e expectativa, surge como modelo de renovação e inovação do SNS. Além do desenvolvimento de todas premissas clínicas, logísticas e técnicas do projecto geral, a “Associação das Crianças do São João” teve a visão da importância de focar no bem-estar, conforto e alegria do utente. Beneficiando das contribuições voluntárias da sociedade civil, propôs-se criar espaços sociais, de circulação, e de lazer da nova ala, numa visão holística dos espaços, procurando uma equipa multidisciplinar que pudesse conceber um cenário e um ambiente para os jovens utentes e familiares. A Área Lúdica, cujo projecto de arquitectura interior foi concebido pelo ARG Studio e ilustrações por Francisca Ramalho, é hoje um lugar essencial para a recuperação das crianças. O projecto concebeu uma sequência de espaços com cores distintas e programas diferenciados – áreas de brincar, biblioteca, estudo, actividades físicas, e zona de jogos. “A cor, cura!” (Ricardo Guedes)

24 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Porto Equipamentos 1985-1994 1995-2004 Pedro Ramalho e Luís Ramalho 1988-2000 Sáb 10h, Arq. Adriana Pacheco / Sáb 11h, Prof. Fernando Brandão Alves / Dom 16h, Prof. Manuel Matos Fernandes Esta é a maior faculdade da Universidade do Porto e é também uma das mais antigas e prestigiadas escolas de engenharia em Portugal. O complexo da faculdade – inaugurado em 2000 no Polo da Asprela – constitui um importante núcleo de inovação e conhecimento, alimentado pelo trabalho desenvolvido nos centros de investigação ali sediados, em grande proximidade com o tecido empresarial e social. A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) constitui-se por 9 departamentos, e oferece 11 licenciaturas, 28 mestrados, 20 doutoramentos, e ainda inúmeros cursos de formação contínua. As instalações da FEUP têm uma área bruta de 90.000 m2, onde se cruzam diariamente cerca de 10.000 pessoas. O conjunto edificado foi concebido como um projeto urbano com o objetivo de se integrar na vida da cidade, com espaços exteriores contínuos, sem limites físicos ou vedações. Os volumes organizam-se no terreno de forma a qualificar espaços públicos e semi-públicos que organizam as três valências desta instituição: Ensino, Investigação e Serviços para a Comunidade. Por um lado, o granito das fachadas representa a solidez da instituição; por outro, há delicadeza nos pátios entre as alamedas e os edifícios, nas grandes superfícies transparentes que mostram a vida no interior, e nas paredes rebocadas com texturas suaves que acolhem os estudantes que descansam nos jardins. Ao fim da tarde ou em dias calmos, as pessoas passeiam, descansando na frescura das sombras, ao abrigo do vento, ou no calor do sol.

25 Faculdade de Economia da Universidade do Porto Porto Equipamentos 1974-1984 Alfredo Viana de Lima 1974 Sáb 10h, Arq. Sergio Fernandez Inaugurado em junho de 1974, o edifício da Faculdade de Economia da Universidade do Porto foi o prenúncio de uma nova era em Portugal. A generosidade espacial do edifício antecipava já a democratização do acesso ao ensino superior que a revolução de 25 Abril de 1974 trouxe ao país. Atualmente, a Faculdade de Economia alberga 3300 estudantes, cerca de 200 docentes e 60 trabalhadores técnicos e administrativos. O edifício foi recentemente recuperado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (CEFA-UP, José Manuel Soares) e mantém todas as qualidades arquitetónicas que foram identificadas como pioneiras em 1974. O projeto foi iniciado em 1960, mas só em 1974 é que a obra ficou concluída. “Trata-se de um dos primeiros edifícios a instalar-se no polo universitário da Asprela, que nos anos que se seguiram se tornou na cidade estudantil do Porto. Distingue-se, naturalmente, pela modernidade despudorada do seu desenho, expresso nos grandes volumes em betão aparente. No interior, continuam a surpreender a amplitude dos espaços, com destaque para a chamada “Sala dos 70 metros”, o Salão Nobre com um altíssimo pé direito, os largos corredores envidraçados e os pátios interiores. A inteligência na organização dos espaços e a atenção ao detalhe e à qualidade construtiva, fazem com que, volvidos 50 anos, continue a ser uma obra de referência que merece ser mantida e revisitada.” (Paula Santos e Ivo Poças Martins, OHP’17)

26 i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde Porto Equipamentos 2005-2014 2015-2024 Serôdio, Furtado & Associados, Arquitectos 2015 Sáb 11h, Arq. João Pedro Serôdio e Prof. Claudio Sunkel / Sáb 15h, Arq. Sofia Albuquerque O i3S, liderado pela Universidade do Porto, junta o IBMC, o INEB e o IPATIMUP que gerem projetos, partilham equipamentos, supervisionam doutorandos e mestrandos, numa instituição com cerca de 900 investigadores integrados sob políticas de investigação e inovação concertadas com seis escolas e três hospitais. Dedicada à ciência e tecnologia, esta infraestrutura com 21229m2 surge compacta em longas frentes urbanas de betão armado que levitam e, aparentemente, libertam o espaço público. A pesquisa científica e tecnológica surge com introversão e concentração, com pátios verticais e diagonais interiores, criadores de relações de proximidade da comunidade utente. Os espaços coletivos estão identificados pelos blocos que modelam e texturam a luz, por oposição às superfícies assépticas dos laboratórios que criam uma unidade reguladora e ordenadora. (Inês Moreira e João Paulo Rapagão, OHP’18)

29 Ala Álvaro Siza do Museu de Serralves Porto Equipamentos 2015-2024 Álvaro Siza 2023 Sáb 10h, 11h, 12h e Dom 15h, 16h, 17h, Equipa Educadores de Serralves / Sáb 11h30 e Dom 14h30, Arq. António Choupina reservas marcação pré-marcação A nova ala do Museu de Arte Contemporânea de Serralves abriu ao público em Outubro passado, e recebeu o nome Ala Álvaro Siza em homenagem ao seu célebre autor. Em Serralves, Álvaro Siza desenhou o Museu de Arte Contemporânea, em 1999; a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, em 2019; a Casa dos Jardineiros, em 2021; foi responsável pela recuperação da Casa de Serralves, em 2021; e desenhou a nova ampliação do Museu, em 2023. A nova ala tem três pisos e cerca de 4000m2 de construção, o que representa um aumento da área de exposição de 40% e um aumento da área de arquivo de 75%. Esta ampliação é de facto oportuna, uma vez que o museu foi visitado por mais de um milhão e cem mil pessoas no ano passado, enquanto que em 1999 foram 80 mil visitantes. A visita será organizada através de um percurso desde o jardim até à ala nova, de forma a promover uma leitura da notável integração do edifício no Parque de Serralves. Ao mesmo tempo, este acesso alternativo, habitualmente vedado aos visitantes, permitirá descobrir circuitos internos do museu que não são acessíveis numa visita regular.

31 Residência Universitária Campo Alegre I Porto Equipamentos 1985-1994 Noé Diniz 1993 Sáb 14h30, Arq. Noé Dinis / Sáb 17h, Arqs. Margarida Quintã e Teresa Novais (Curadoras OHP 2024) Da Rua do Campo Alegre vê-se um muro de alvenaria de granito de grande escala. Este plano opaco é o alçado visível da residência que já existia a delimitar o lote muito antes do edifício ser construído. O projecto desenvolve-se em U na plataforma sustentada pelo muro sendo que este elemento, pré-existente, acaba por fazer parte da composição, fechando o lado aberto do pátio desenhado pelas três alas do edifício. É uma forma compacta construída em alvenaria de tijolo à vista que reúne 13 apartamentos (com 11 quartos individuais, sala e cozinha) ensimesmados num interior aberto que procura a escala doméstica através de elementos arquitectónicos, como os pórticos e as varandas voltados para o pátio, pontuado por uma ou outra árvore isolada. A residência assume a forma de uma pedra artificial (era assim que Palladio apelidava o tijolo) a rematar os vizinhos campos alegres e a mancha arbórea pujante do jardim botânico que envolve o edifício: uma clareira de repente, um aluno a estudar. (Joana Couceiro e Nuno Valentim, OHP’19)

32 Casa da Música Porto Equipamentos 2005-2014 Rem Koolhaas (OMA) 2005 Sáb 10h30, Arq. Jorge Carvalho / Sáb 12h e 14h, Arq. Teresa Novais / Sáb 16h30, Guia Casa da Música reservas marcação pré-marcação “Imaginada para assinalar o ano festivo de 2001, em que a cidade do Porto foi Capital Europeia da Cultura, a Casa da Música é o primeiro edifício construído em Portugal exclusivamente dedicado à Música, seja no domínio da apresentação e fruição pública, seja no campo da formação artística e da criação. O projeto Casa da Música foi definido em 1999, como resultado de um concurso internacional de arquitetura que escolheu a solução apresentada por Rem Koolhaas – Office for Metropolitan Architecture. A construção teve início ainda em 1999, no espaço da antiga Remise do Porto na Rotunda da Boavista, e a Casa da Música foi inaugurada na Primavera de 2005, no dia 15 de Abril.” www.casadamusica.com “Quase 20 anos passados, o êxito da CdM mede-se num crescimento da programação e de público. Se, por um lado, o programa do concurso espelhava verdadeiramente o nome de uma casa da música, de uma casa que serve também os músicos, com uma área significativa dedicada a salas de ensaio, a salas para solistas, a salas para música de câmara, incluindo espaços de gravação, espaços para convívio dos músicos entre si, salas para instrumentos, etc., a interpretação simultaneamente clássica e radical do programa do edifício que Rem Koolhaas funde sob a forma icónica, e sob toda a génese conceptual conhecida e divulgada. Grandes escadarias, grandes foyers, grandes espaços públicos clássicos, conjugam-se, ao mesmo tempo, com a pequena escala do edifício de serviços, com pequenas entradas, com o vidro que mostra a equipa de produção ou os músicos a trabalhar, em contacto com a vida da cidade. A transparência que revestia o edifício na fase do concurso, e a identificação entre o seu público e as atividades que nele se desenrolam, permanece como um mote central da obra, como uma pele de «cristal».” (Luís Tavares Pereira e Teresa Novais)

34 Escola Superior Artística do Porto Porto Equipamentos 2015-2024 Fátima Fernandes, Michele Cannatà e João Carreira 2020 Sáb e Dom 10h às 13h e das 14h às 18h, Arqs. Fátima Fernandes e Michele Cannatá A Escola Superior Artística do Porto (ESAP), cuja origem está ligada à Cooperativa Árvore (fundada em 1963), tem como entidade instituidora a Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto (CESAP), que é a primeira instituição de ensino superior cooperativo fundada em Portugal, em 1982. A ESAP funcionou no Largo de S. Domingos durante quase 40 anos, mas a crescente atividade turística no centro da cidade provocou a mudança de instalações para a Fábrica dos Navegantes, nas Antas, local que ainda mantém um carácter urbano compatível com o tipo de interação que a escola pretende estabelecer com a sociedade civil. A transformação da estrutura fabril numa escola artística é exemplar, tanto mais que a estrutura existente é fortemente agregadora e manifesta valores ecológicos e colaborativos. Luminosa, transparente e ampla no interior, a escola é uma descoberta para o utilizador, uma vez que o seu exterior mantém o caráter funcional e fabril dos volumes existentes, associados à fábrica original. Nesta escola, os alunos são confrontados com diferentes experiências através de uma prática interdisciplinar que combina Cinema, Teatro, Fotografia, Artes Plásticas, Design e Arquitetura. É nesta construção coletiva que a ESAP continua, tal como em 1963, a acreditar num projeto pedagógico e artístico singular.

35 M-odu (Antigo Matadouro do Porto) Porto Equipamentos 2015-2024 Eng. Monteiro de Andrade / Kengo Kuma e OODA 1910 / A DECORRER Dom 15h, Arq. João Styliano / Dom 16h, Arq. Inês Moreira / Dom 17h, Arq. Miguel Rebelo / Uso de equipamento de segurança obrigatório (fornecido pela organização) e obrigatória utilização de calçado fechado. No século XIX, os matadouros municipais funcionavam como um instrumento fundamental para a salubridade do ambiente urbano e dos seus habitantes, pelo que se localizavam na periferia das cidades, geralmente em edifícios de grandes dimensões. O Antigo Matadouro Industrial do Porto cessou as suas funções nos anos 90 e esteve abandonado durante décadas, até ao início da sua reconversão e requalificação em 2022. Este projeto é uma das ações principais de dinamização da zona oriental da cidade, em articulação com outros projetos estruturantes, como o Terminal Intermodal de Campanhã, o Estádio do Dragão e a Praça da Corujeira, numa área de desenvolvimento prioritária para o atual executivo municipal. Em 2015, a Câmara Municipal do Porto recusou a venda deste património municipal, como defendia o anterior executivo, e iniciou o processo de definição de um projeto de intervenção para o Matadouro, sinalizando o potencial deste equipamento ao serviço da cidade. A obra que está a decorrer prevê a reconversão integral do complexo e a construção de edifícios novos, bem como 5500 m2 de espaços exteriores públicos e arborizados. Os 20.500.000 m2 de construção serão necessariamente dedicados a um programa multifuncional e polivalente, com oferta cultural, criativa, económica e social diversificadas. O município irá dispor de 8000 m2 para a criação de uma nova extensão da Galeria Municipal do Porto, um acervo e depósito de obras de arte, um espaço dedicado às práticas artísticas e comunitárias, ateliers municipais e um espaço educativo. Os restantes edifícios serão destinados a escritórios, espaços comerciais e espaços de restauração. Será ainda criada uma ponte pedonal e ciclável sobre a VCI, estabelecendo a ligação do Matadouro à estação de metro do Dragão.

37 Residência Universitária Ventura Terra Porto Equipamentos 2015-2024 Barata Arquitectos 2023 Sáb 11h, Arq. Manuel Barata e Arq. Hugo Bessa A Residência de Estudantes Ventura Terra é a mais recente residência da Universidade do Porto e consiste na reutilização da estrutura de um edifício construído em 1979, outrora usado pela Faculdade de Farmácia, para ser reconvertido em alojamento para 54 estudantes. Esta é a primeira concretização do ambicioso projeto de construção e reabilitação de residências estudantis da Universidade, que prevê a construção de três novas residências, num total de 411 novas camas, e a melhoria significativa das condições de habitabilidade de outras quatro residências com capacidade total para 701 estudantes. A residência tem 27 quartos duplos, todos com casa de banho privativa, e é ainda dotada de uma sala polivalente, uma cafetaria, um pátio, e uma sala de leitura em pé-direito duplo. Situando-se numa zona consolidada da cidade, a nova residência de estudantes adapta-se não só às características da envolvente próxima, mas sobretudo às condições estabelecidas pela estrutura do edifício pré-existente.

40 Albergues do Porto (Albergue D. Margarida Sousa Dias) Porto Equipamentos 2005-2014 2015-2024 Nuno Valentim, Frederico Eça, Margarida Carvalho Séc. XIX / 2016 Permito fotografar sem captação da imagem de utentes. Sáb 12h, Arqs. Frederico Eça e Filipe Costa Lima / Dom 12h, Arqs. Nuno Valentim e Filipe Costa Lima / Permitido fotografar sem captação da imagem de utentes. A Associação dos Albergues Noturnos do Porto foi criada ainda durante a monarquia, em 1881, por iniciativa do Rei de Portugal D. Luiz I. Em 1903 as suas instalações fixaram-se na Rua dos Mártires da Liberdade onde, à data, eram assistidos 30 utentes com dormida, pequeno-almoço, jantar e banhos. Foi só em 1983, nove anos após a revolução, que a Associação dos Albergues Noturnos do Porto passou a ser uma Instituição Particular de Solidariedade Social, marcando a mudança de um serviço meramente assistencialista para uma resposta interventiva de reinserção social. Hoje, depois da renovação de que foi alvo em 2018, o albergue da Rua dos Mártires da Liberdade acolhe 75 pessoas em risco ou em exclusão social e, para além de responder às suas necessidades básicas, a associação trabalha também ativamente na sua reinserção social, de acordo com o projeto de vida de cada pessoa e em articulação com a família e rede de suporte. Em 2023, os Albergues do Porto receberam mais de 600 pedidos de alojamento, tendo conseguido dar resposta a menos de 20% dos casos. Das cerca de 200 situações a que conseguiram responder, 30% estão relacionadas com despejos. A falta de habitação conjugada com o preço das rendas, a doença mental que afeta alguns dos utentes e a incapacidade de outros para uma vida autónoma, fazem com que um número significativo de pessoas permaneça nos albergues muito tempo. A obra de reabilitação do edifício permitiu manter as instalações em funcionamento, tendo o projeto como principal objetivo melhorar as condições de acolhimento e aumentar ligeiramente a sua capacidade de 60 para 75 utentes. Foi realizada uma intervenção de reabilitação pouco intrusiva, de modo a garantir a pção das estruturas existentes em bom estado de conservação e a conter os custos envolvidos. https://www.alberguesdoporto.org

43 Biblioteca Municipal Almeida Garrett e Galeria Municipal do Porto Porto Equipamentos 1985-1994 1995-2004 José Manuel Soares 2000 Ponto de encontro: garagem. Dom 10h às 13h, Dra. Maria João Sampaio / Ponto de encontro: garagem. “A Biblioteca Municipal Almeida Garrett, localizada nos Jardins do Palácio de Cristal, é um espaço de informação e lazer vocacionado para a promoção do livro e da leitura junto de públicos de todas as idades. Inaugurada a 2 de abril de 2001, é uma moderna biblioteca de leitura pública, instalada num edifício de grande qualidade arquitetónica da autoria de José Manuel Soares.” https://bmp.cm-porto.pt/ “Organizar arquitetonicamente num local definido dos Jardins do Palácio de Cristal um volume com cerca de trinta e cinco mil metros cúbicos – o equivalente a um cubo mais alto que o Pavilhão Rosa Mota – constituiu, sem dúvida, um desafio exigente, mas também estimulante, na elaboração do projeto para este empreendimento. Não subalternizar nenhuma das três entidades funcionais do programa, Galeria de Exposições, Biblioteca e Auditório, na relação que cada uma merece e necessita de ter com o jardim que as envolve era, também, condição indispensável. A partir da consensual necessidade de reforçar a vida e o uso destes jardins pelo maior número de pessoas possível, em detrimento dos prejuízos que a construção de um edifício implantado neste recinto, com características únicas na cidade do Porto, pudessem causar, conseguiu-se encontrar um ponto de equilíbrio na composição e distribuição dos volumes a mostrar ou a esconder do jardim e da Rua de Entre-Quintas, que, conjugada com a definição dos espaços e funções requeridos, assim como com a escolha dos materiais construtivos, estruturais ou de revestimento a empregar, materializou a obra que agora atinge o seu termo. Se for possível resumir em poucas palavras a ideia base deste projeto poder-se-ia dizer que se tenta realizar uma dupla e inversa operação: “trazer” um jardim para dentro de um edifício sem “levar” um edifício para dentro de um jardim. (José Manuel Soares)

44 Câmara Municipal do Porto Porto Equipamentos António Correia da Silva / Carlos Ramos 1917 / 1957 Sáb e Dom 10h e 12h, Arq. Domingo Tavares É a casa da administração local do município, ou seja, a casa que representa todos os habitantes da cidade, um edifício simbólico que ocupa um lugar de destaque ao rematar, no topo norte, a avenida dos Aliados. Esta implantação é o resultado de um longo processo de expansão urbana elaborado pelo arquiteto inglês Barry Parker. O plano para o novo centro cívico, aprovado em 1916, previa a demolição da área que hoje define a ampla avenida, incluindo o edifício que acolhera anteriormente a Câmara e que definia a Praça de D. Pedro, atual Praça da Liberdade. Esta abre-se, hoje, ao eixo de grande escala que culmina, ao fundo, com o novo edifício projetado por António Correia da Silva. O volume compacto com uma torre a eixo (começado nos anos 20 e concluído, anos mais tarde, por Carlos Ramos), só em 1957 recebe os serviços camarários, entretanto transferidos para o Paço Episcopal. Embora no alçado só transpareça a existência de três pisos (um r/c, um piso nobre e um ático) o volume desenvolve-se em seis pisos e uma cave, espaços inesperados quando se penetra no interior surpreendente do edifício. (Joana Couceiro e Nuno Valentim, OHP’19)

46 Escola Secundária Alexandre Herculano Porto Equipamentos 2015-2024 José Marques da Silva / Alexandre Alves Costa, Sergio Fernandez e Miguel Ribeiro 1934 / 2023 Sáb 17h, Arqs. Alexandre Alves Costa, Sergio Fernandez e Miguel Ribeiro A construção de novos liceus na transição entre os séculos XIX e XX, foi marcada por uma vontade de impulsionar o ensino científico e responder às exigências do ensino moderno. O então Liceu Central Alexandre Herculano marca uma intenção de consolidar a expansão da cidade na direção da então nova praça da Boavista do século XIX. A sua recente requalificação honra o seu passado. A construção do edifício iniciou‐se em 1916 sendo que as intervenções foram sendo realizadas até aos anos 30. Tendo como autor o arquiteto José Marques da Silva, nome incontornável na arquitetura moderna do Porto, o edifício propunha um conjunto de espaços que, à época, não seriam habituais neste programa: os grandes corredores e janelas, auditório, ginásio e piscina, fizeram desta escola uma referência incontornável. A requalificação, entre muitas outras intervenções, a piscina deu lugar aos balneários, a cantina foi relocalizada (passando a contar com um acesso próprio) e o ginásio e auditório foram recuperados. Destaque para a fachada principal em que se localizavam direção, anfiteatros, laboratórios, Museu de História Natural e espaços destinados aos serviços administrativos, implementando‐se perpendicularmente as quatro alas de salas de aula. O primeiro andar do tramo central da fachada principal passou a ser ocupada pela biblioteca. Foi classificado como Monumento de Interesse Público em 2011. (Atelier 15)

50 Antiga Casa da Câmara (Torre dos 24) Porto Equipamentos 1995-2004 Fernando Távora 2002 Sáb 12h, Arq. Carlos Martins A Casa dos 24 foi erguida no século XV junto à muralha da cidade do Porto, e foi o local onde funcionou a primeira assembleia da câmara, que era composta por 24 representantes dos ofícios do Porto. Em meados do século XVI, o edifício entrou em degradação e as sessões camarárias mudaram-se para a Rua das Flores. A torre passou então a servir como cadeia e asilo para os sem-abrigo da cidade, e em 1875, um violento incêndio destruiu o edifício por completo. Nos anos 40 do século XX, a zona envolvente à Sé do Porto sofreu grandes alterações, com a demolição de vários edifícios para criar o alargamento do Terreiro da Sé, num projeto de higienização e monumentalização da Sé Catedral. Nos anos 90, a ruína da antiga câmara municipal estava em risco de ruir e, por isso, foi encomendada a sua reabilitação ao arquiteto Fernando Távora. O projeto recuperou a volumetria da torre original, recuperando também a afirmação do poder popular sobre o poder eclesiástico na cidade. Em 2002 completou-se o edifício contemporâneo que conhecemos hoje e que pretendeu devolver esta memória à cidade do Porto. Segundo Fernando Távora: “Uma vez que tal edifício foi lugar e significado do poder municipal, é intenção do projeto proposto a sua transformação em memorial recordatório de longos anos de vida e de história da cidade do Porto, pela criação de um objeto arquitetónico que, invocando a torre outrora existente, em diálogo com as restantes da Sé e do [antigo] Arquivo Histórico, possua um espaço interno capaz de emocionar os seus visitantes recordando-lhes tão glorioso passado”.

52 Lavadouros, Sanitários e Balneários de S. Nicolau Porto Equipamentos 1985-1994 Paulo Providência e Rosário Abreu 1993 Sáb 12h e Dom 14h, Arq. Chloé Darmon / Dom 12h, Arq. Rosário Abreu A relação do Porto com a água (doce ou salgada) é íntima e longínqua. A própria toponímia invoca essa ligação ao significar, ainda, um lugar à beira da água destinado ao atracamento de embarcações. Apesar da proximidade, a rede de distribuição de águas demorou o seu tempo a chegar à casa de cada um, sendo que, durante este período, o encontro com a água se dava em infraestruturas coletivas como balneários e lavadouros. Este espaço, resultado de uma intervenção arquitetónica exemplar, é escavado numa antiga rua aterrada no séc. XIX. O jogo de cotas permite que a cobertura do edifício desenhe o espaço público que antecede a imersão no seu interior, sendo ela própria, o alçado aparentemente invisível que comunica com a cidade. Os autores traduziram para a contemporaneidade os valores essenciais destes equipamentos: desde a popular reunião de mulheres lavadeiras, lembrada pela praça; passando pela evocação clássica dos banhos públicos através da penumbra que potencia o ruído e o valor da água no interior. (Joana Couceiro e Nuno Valentim, OHP’19)

55 Lavadouro Público da Afurada Vila Nova de Gaia Equipamentos 1995-2004 Atelier 15 2003 Sáb 10h, Arq. Chloé Darmon / Sáb 14h30, Arq. Alexandre Alves Costa e Arq. Sergio Fernandez / Dom 11h, Geógrafo Álvaro Domingues / Dom 13h, Arq. Rafaela Pinho O Lavadouro Público da Afurada é uma estrutura comunitária de pequena escala que foi construída no âmbito do Plano de Pormenor da Afurada entre 2001e 2005. O lavadouro localiza-se no espaço público entre o rio Douro e a vila piscatória da Afurada, que alberga vários outros equipamentos de apoio à atividade piscatória. O edifício, em forma de implúvio, recolhe a água da chuva que cai num tanque central. Ao mesmo tempo, este grande vazio na cobertura faz com que o espaço interior receba luz solar durante todo o dia, com incidências diferentes consoante a hora do dia, como se o edifício fosse um grande relógio de sol. À volta deste tanque central e luminoso existem oito tanques mais pequenos para a lavagem da roupa. Paredes profundas com prateleiras encerram este espaço abrigado, onde o som da água em movimento, o cheiro do sabão e as conversas se misturam. Em contraste, no exterior, a leveza dos estendais com a roupa lavada ao vento desafia a gravidade.

56 Lavadouro e Balneários Públicos - Castelo de Gaia Vila Nova de Gaia Equipamentos 2015-2024 Divisão de Reabilitação Urbana Gaiurb, EM - Rita Amaral, Marta Gomes, Olga Brandão, Verónica Pereira, Cristina Alegria e Joana Magalhães 2024 Sáb 11h e 12h30, Arq. Cristina Alegria / Sáb 15h, Arq. Chloé Darmon O edifício do Lavadouro e Balneários Públicos da zona histórica do Castelo de Gaia é um equipamento comunitário construído recentemente, que veio substituir uma estrutura que cumpriu as mesmas funções no passado. É surpreendente que, atualmente, ainda seja necessário construir um edifício desta natureza para apoiar a vida diária da população residente. Contudo, a zona do Castelo da Gaia alberga uma população envelhecida e de poucos recursos, que vive maioritariamente em edifícios com más condições sanitárias e deficiências de conservação, o que tornou imprescindível a reconstrução deste equipamento público no local. O edifício assume a forma de um implúvio, recolhendo as águas pluviais no interior do tanque, mas ao mesmo tempo abre-se para a paisagem sobre o rio Douro e a cidade do Porto. A sua cobertura assimétrica assenta sobre quatro pilares, que por sua vez se apoiam nos tanques de lavagem. Esta plataforma serve assim de lavadouro, miradouro e espaço de paragem, e por baixo dela encontram-se os balneários públicos e uma pequena lavandaria comunitária.

58 Capela de S. José Vila Nova de Gaia Equipamentos 2005-2014 José Fernando Gonçalves 2005 Sáb 14h30, Arq. José Fernando Gonçalves Os espaços religiosos desempenharam sempre um papel importante na vida da comunidade. A Capela de S. José é um exemplo de como a arquitetura contemporânea pode, simultaneamente, corresponder à identidade de uma instituição religiosa secular e criar um espaço de encontro e partilha, mesmo que rodeado por vias de trânsito intenso. O edifício, situado num bairro de pobre qualidade urbana, está parcialmente enterrado para se proteger do ruído da linha férrea e do tráfego rodoviário. A transição entre o burburinho da rua e o silêncio do espaço religioso faz-se lentamente, através de uma rampa suave ladeada por muros de suporte, até chegar a um pátio com árvores e pavimento de saibro. Da entrada da capela avista-se a nave luminosa, onde a presença da natureza se faz sentir por detrás do altar. A ação da luz no interior torna mais expressivos os materiais simples que foram utilizados na construção, como o betão, a madeira e a pedra. O centro paroquial, acessível pela rua secundária, é constituído por uma sala polivalente e por salas de catequese dispostas à volta de um pequeno pátio.