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Reutilização

Texto de Teresa Novais e Margarida Quintã

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Descrição

A ideia de não construir mais edifícios novos é aparentemente radical, mas tem cada vez mais seguidores. A reutilização de edifícios existentes para serem adaptados a novas funções é uma forma de ativar mudanças positivas nos ambientes urbanos, e é uma ideia cada vez mais consensual nas políticas focadas no desenvolvimento sustentável. Se é importante pensar no ambiente natural como um recurso fundamental a ser conservado, é também necessário pensar sobre o ambiente construído dessa forma, e evitar demolir edifícios existentes. Durante o século XX foram consensuais os restauros e reabilitações de edifícios com valor patrimonial; já hoje, a reutilização adaptativa e a reabilitação de edifícios são defensáveis independentemente da sua relevância histórica, e contribuem para a mitigação da expansão urbana. A noção do ciclo de vida do edifício constrói-se atualmente a partir da contabilização do gasto total de energia que é despendida na sua construção, desde a extração dos materiais, ao seu processamento, transporte, montagem e instalação. É também tida em conta a energia despendida com a futura demolição do edifício, e a separação dos seus componentes em resíduos recicláveis ou não. Ora, toda a energia incorporada num edifício é um recurso valioso a não desperdiçar. No entanto, as operações de reutilização e reabilitação ainda não são as preferidas da indústria da construção por obrigarem a processos mais complexos e diferenciados no que concerne aos projetos e às obras. Portanto, se a questão for meramente avaliada sobre o ponto de vista económico, é provável que as contrapartidas quase nunca justifiquem este tipo de intervenção. Assim, tornam-se necessárias políticas urbanas que promovam a sustentabilidade das cidades com incentivos à reutilização e reabilitação do ambiente construído e, simultaneamente, com instrumentos jurídicos que permitam que a intervenção nas construções existentes seja facilitada. Infelizmente, a vida média dos edifícios na Europa está a diminuir para cerca de 60 anos. No auge da crise da habitação, em 2022, o INE revelou que 12% das casas em Portugal estão vazias, e que passariam a estar habitáveis com uma reabilitação simples. No Porto há 20270 casas nestas condições, em Gaia há 13523, na cidade da Maia são 4874, e em Matosinhos são 7022.